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Quando a notícia não vale ser notícia do ponto de vista da mídia

Há menos de dez dias o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal, maior unidade da rede pública de saúde do Rio Grande do Norte foi notícia nacional no portal G1 e no Bom Dia Brasil.

Tudo porque ficou aproximadamente uma hora sem energia elétrica durante a madrugada devido ao gerador, que deveria ter sido ativado automaticamente em no máximo 15 segundos após a interrupção de energia e não funcionou. Não houve informações sobre problemas com o estado de saúde de pacientes.

Tudo bem, isso é uma notícia que deve ser levada ao conhecimento público, até porque envolve vidas.

Mas nesta terça-feira o mesmo hospital passou por situação parecida com falta de energia, mas aí os geradores funcionaram. Foi noticiado isso? Não?

O problema foi causado por uma árvore centenária que tombou na avenida Salgado Filho, no lado oposto ao do hospital, causando queda de energia no Pronto Socorro Clóvis Sarinho e no setor administrativo.

As oscilações no fornecimento de energia, ocorridos no período da manhã e da tarde, foram supridas pelos geradores que foram ativados. Contudo, em todos os momentos, o atendimento no Walfredo Gurgel não precisou ser paralisado.

Sou jornalista, mas reconheço que a imprensa de um modo geral usa de duas medidas para noticiar um mesmo assunto. Se a notícia for negativa ela é, muitas vezes, noticiada com estardalhaço, caso da primeira falta de energia no Walfredo que levou a pane os geradores que mesmo acionados, devido a sobrecarga não funcionaram.

Detalhe: todos os respiradores e equipamentos de UTI possuem no-break, que mantém os aparelhos de suporte de vida funcionando.

Se a notícia for positiva, caso da segunda notícia sobre a falta de energia no mesmo hospital, mas que os geradores neste caso funcionaram, ela, a notícia “não merece” ser divulgada. Não dá Ibope, pois que ninguém correu risco de morte.