Política

Governo quer ganhar tempo

Os Bastidores da Política, por Cristiana Lôbo, em O Globo

O governo deve obter o que mais precisa nesta discussão sobre o julgamento de suas contas pelo Tribunal de Contas da União em que questiona o comportamento do relator do processo relativo às contas de 2014, Augusto Nardes: tempo. Assim, poderá continuar o processo de reaglutinação de sua base parlamentar, que começou com a reforma ministerial anunciada na semana passada, ganhando tempo para tentar barrar no Congresso a rejeição das contas – o que seria um argumento para os que querem aprovar a abertura de processo de impeachment da presidente.

Adams deve questionar o comportamento de Nardes primeiramente junto ao próprio Tribunal de Contas e depois recorrer ao Congresso, que é onde as contas são apreciadas depois da recomendação do TCU e, posteriormente, ao Supremo Tribunal Federal. Com isso, a apreciação das contas pelo TCU que está prevista para a próxima quarta-feira, vai entrar em outro processo de discussão que deve se estender até o ano que vem. Essa é a expectativa do governo.

Para Adams, Nardes teria indicado o voto que apresentará ao TCU, ao afirmar em entrevista que o Tribunal “fará história” e que nestes 80 anos “nunca se viu a rejeição das contas de um presidente”. Segundo ele, a revelação do voto é proibida pela Lei Orgânica da Magistratura. “O juiz não pode falar sobre o voto antes de apresentá-lo”.

Neste domingo, o ministro Adams conversou com vários dos ministros do TCU para informá-los do recurso que pretende apresentar. A decisão do governo de questionar Nardes foi tomada depois de conversas com ministros como Jacques Wagner, que vai assumir a Casa Civil nesta segunda-feira, Mercadante, que está deixando o posto, e ainda os ministros José Eduardo Cardozo, da Justiça e Nelson Barbosa, do Planejamento. A presidente Dilma foi consultada e concordou com a estratégia de questionar Nardes por indicar o voto antecipadamente.

Ainda que seja arguida a isenção de Nardes, os colegas dele no TCU não devem concordar com o pedido do Advogado-Geral da União, Luiz Inácio Adams de trocar o relator do processo que trata das contas da presidente Dilma no ano de 2014.

 

 

 

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