Editorial

Por Janot, se gritar pega…. não fica um meu irmão

A julgar pelo comportamento do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que esta semana parece ter descoberto que toda a República está comprometida, seja na Lava Jato, seja no mensalão, seja na CPI dos Correios, seja no nebuloso caso de Furnas e por aí vai, se gritar pega…  não fica um meu irmão, como diz aquela conhecida música gravada pelo saudoso grupo Originais do Samba.

Senão vejamos: só nos últimos dias Janot já solicitou ao STF (Supremo Tribunal Federal) a inclusão de novos políticos no maior inquérito da Operação Lava Jato em andamento na Corte, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os ministros Ricardo Berzoini e Edinho Silva, e o chefe de gabinete da Presidência da República, Jaques Wagner.

Não só isso: há também pedido para investigar o ex-ministro e ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN); os ex-ministros Erenice Guerra e Antonio Palocci (ambos ex-chefes da Casa Civil nos governos Lula e Dilma, respectivamente); o ex-ministro Silas Rondeau (que comandou Minas e Energia no governo Lula); e o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli.

Outros suspeitos relacionados pela PGR no pedido são Giles Azevedo (assessor e ex-chefe de gabinete de Dilma); José Carlos Bumlai (empresário e amigo pessoal de Lula); Paulo Okamotto (presidente do Instituto Lula); André Esteves (controlador do banco BTG Pactual); e Sérgio Machado (ex-presidente da Transpetro).

Janot pediu ainda ao Supremo autorização para abrir um segundo inquérito para investigar o senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG). Também são alvos do mesmo pedido o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP) e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB).

Os três políticos são suspeitos de terem tentado ocultar da CPI dos Correios, em 2005, informações sobre o suposto esquema de compra de votos em troca de apoio parlamentar na Assembleia Legislativa de Minas Gerais durante a gestão do ex-governador Eduardo Azeredo (1995-1999), o chamado mensalão do PSDB. A CPI dos Correios investigou outro esquema de compra de votos, o mensalão do PT, que ocorreu durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Também são alvo de inquéritos no Supremo o presidente do Senado, Renana Calheiros (PMDB-AL) e o líder do PMDB no Senado, Romero Jucá, nome cotado para assumir o Ministério do Planejamento em um possível governo liderado por Michel Temer.

Este é o 12º inquérito ligado a Calheiros na Corte, e foi instaurado pela ministra Cármen Lúcia, relatora da Operação Zelotes, que deseja apurar o suposto envolvimento de Renan Calheiros e do senador Romero Jucá (PMDB-RR), recém indicado ao posto de líder do partido no Senado, na venda de emendas a medidas provisórias relacionadas ao setor automotivo editadas pelo governo federal.

Como se observa, para a República desabar bastava agora o empreiteiro Marcelo Odebrecht aceitar a delação premiada, ele que, diria, é um arquivo vivo da podridão que ocorre nos bastidores da política brasileira.

E aí volta-se a música: se gritar pega…. não fica um meu irmão.

A conferir!

 

 

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