Editorial

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Se não querem ser tachados de corruptos não se envolvam em falcatruas

O Brasil é outro depois do Mensalão. Nunca antes neste país políticos e até empresários experimentaram o xilindró, nem que fosse por apenas algumas horas, talvez meses. É verdade que, por enquanto, os efeitos são mais de ordem moral do que propriamente jurídico tendo em vista a redução de penas e muitas vezes a prisão domiciliar. Mas fica a mácula de corrupto.

Agora mesmo temos o escândalo do Petrolão na Petrobras, onde políticos e empresários do setor da construção civil estão diretamente envolvidos. Por enquanto estamos no que chamaria de fase inicial das investigações com prisões aqui e acolá de empreiteiros. Mas já chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal) uma relação de figurões da República supostamente encrencados no escândalo.

Veja o caso da Operação Impacto na cidade do Natal, por exemplo, onde a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte  manteve as condenações impostas na primeira instância pelo juiz da 4ª Vara Criminal da capital potiguar, Raimundo Carlyle, aos 16 réus condenados na sentença judicial do processo da Operação Impacto. A denúncia de autoria do Ministério Público Estadual apontou a existência de um esquema de compra de votos envolvendo parlamentares da Câmara Municipal e empresários do ramo imobiliário e da construção civil durante a votação do Plano Diretor de Natal em 2007. É verdade que a decisão demorou, mas veio com implicações, inclusive, de perda de mandatos de edis envolvidos no caso.

A corrupção é uma coisa tão nefasta que chega a dar náusea ao saber que detalhes importantes do processo da Operação Impacto foram mencionados pelo desembargador Glauber Rêgo, relator do recurso. Entre eles, o de que a propina seria fatiada entre os parlamentares na residência da mãe de um dos assessores – Francisco de Assis Jorge, funcionário do então vereador Geraldo Neto. Assis Jorge foi incumbido de receber a propina, por meio de dois cheques, sacá-los, e em seguida repassá-los aos vereadores.

Fato é que políticos e empresários que não querem ser chamados de corruptos procurem não se envolver em falcatruas, sobretudo com dinheiro público. Qual pessoa não se importa de ser chamada de corrupta? Seria cinismo demais! No caso da Operação Impacto os envolvidos vão ficar marcados pra sempre, mesmo não indo pra cadeia como deveriam.

Da mesma forma os casos do Mensalão e do Petrolão. Qual moral estes políticos e empresários envolvidos nos dois casos que abalaram a República terão daqui pra frente? Nenhuma, certamente. O bom mesmo seria que comprovada as denúncias todos fossem pra cadeia cumprir a pena máxima que caberia a cada um deles.

O povo brasileiro se sente envergonhado. Daí a pecha de que todo político calça quarenta e quatro bico largo, ou seja, são todos iguais. Não menos os tubarões da construção civil.

 

 

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