Artigo

A morte do mestre Alberto Dines, por Luis Nassif

Conheci Alberto Dines quando, no começo de meu trabalho no Jornal da Tarde, implantando o chamado “jornalismo de serviços” – economia com foco no consumidor – ele me convidou para assinar uma coluna em uma das revistas femininas da Abril, sob o título “Seu Nassif”, se não me engano. Foi a primeira pessoa que me deu a chance de sair do anonimato das redações para as colunas assinadas. A segunda foi o inesquecível amigo Aloisio Biondi, que me ofereceu uma coluna no Shopping News.

Crítico acerbo do jornalismo, Dines sempre foi um incentivador generoso dos jovens que ingressavam na carreira.

Na Folha, sua coluna de ombudsman da mídia marcou época. E provocou ressentimentos esperados, em uma categoria pouco acostumada com a crítica interna. Mas sua biografia, e o período histórico à frente do Jornal do Brasil, lhe conferiam a autoridade necessária.

Rigoroso nas críticas, no plano pessoal era uma pessoa extremamente sensível.

Em seus tempos de Observatório da Imprensa, uma pesquisa da Fernando Pacheco Jordão, com os 50 maiores influenciadores que apareciam nos jornais, me colocou na ponta, ao lado do Roberto Campos, como influenciador dos influenciadores.

Dines me convidou para um programa no Observatório da Imprensa, na época ancorado na TV Cultura. Pediu que levasse meu bandolim. No ar, me pediu uma música. Enquanto tocava, via lágrimas escorrendo de seus olhos, lembrando da infância, se não me engano em Vila Isabel.

Perdendo espaço na imprensa tradicional, transformou o site do Observatório em uma referência inestimável de bom jornalismo. E sempre com o apoio total da esposa Norma Cury.

Foi um dos jornalistas históricos do país.

Foto reproduzida da Internet

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