Política

Cabral pode destruir provas e encobrir crimes se for solto, diz subprocuradora

Está no G1

A subprocuradora-geral da República Luiza Frischeisen defendeu, em parecer enviado nesta segunda-feira (20) ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), a manutenção da prisão do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral e disse que, se ele for solto, poderá tentar destruir provas e encobrir crimes.

No parecer ao STF, Luiza Frischeisen disse também que, se o ex-governador tiver a liberdade concedida, poderá colocar “em risco” a ordem pública.

Cabral foi preso em 17 de novembro do ano passado pela Polícia Federal na Operação Calicute, um desdobramento da Lava Jato. O peemedebista é acusado de participar de esquema de corrupção envolvendo obras públicas no estado do Rio.

A subprocuradora opinou sobre a prisão de Cabral em um habeas corpus movido pela defesa do ex-governador. O pedido de liberdade foi rejeitado em janeiro, durante o recesso do Judiciário, e agora será julgado pela Sexta Turma do tribunal, em data ainda não prevista.

“Não é difícil constatar que a conduta do recorrente [Sérgio Cabral] e dos demais membros da organização criminosa voltada para escamotear os negócios espúrios, conduz à probabilidade de que, acaso sejam soltos, destruam as provas de sua prática e se articulem para encobrir os delitos praticados”, diz o parecer de Luiza Frischeisen.

Conforme a subprocuradora, Cabral é “operador político e líder de organização criminosa bem articulada, integrada por agentes públicos e políticos, voltada à prática principalmente dos delitos de corrupção e lavagem de dinheiro.”

O parecer

No parecer, de 49 páginas, a subprocuradora se diz contra o pedido para converter a prisão de Sérgio Cabral em medidas cautelares alternativas, como pediu a defesa do ex-governador.

Para Luiza Frischeisen, embora a defesa alegue que a prisão dele é ilegal e que o ex-governador não tem cargos públicos que permitam prejudicar as apurações, há motivos suficientes para o peemedebista permanecer detido para garantir a ordem pública, “tendo em vista a gravidade concreta dos crimes imputados, bem como o risco de reiteração na prática criminosa de lavagem de dinheiro”.

“De todos os documentos acostados aos autos extrai-se fortes indícios de que Sérgio Cabral, ora recorrente, foi peça-chave no desvio de verbas públicas de finalidades sociais que poderiam ser atendidas em campos como os da saúde, educação, segurança pública, saneamento, dentre outros, e cuja carência é perceptível a olhos nus em vários pontos da cidade, do estado”, diz trecho do parecer.

A subprocuradora Luiza Frischeisen relatou, ainda, que o esquema, apontado em delações premiadas de executivos da Andrade Gutierrez e da Carioca Engenharia, consistia no pagamento de propina a políticos e a gestores, em um percentual de 5% sobre os valores faturados. O dinheiro, diz a subprocuradora, era lavado por meio de “laranjas ou empresas de fachada”.

“Em decorrência dessas delações, ficou evidenciado que o recorrente Sérgio de Oliveira Cabral Santos Filho era o responsável pela chefia da organização criminosa que comandou o governo deste estado [Rio] no período de 2007 a 2014 e, na condição de operador político, sua função era a realização de contatos políticos com as pessoas de maior hierarquia nas empreiteiras das quais solicitava propina”, destaca a subprocuradora.

Share Button

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com