Política

Cruel e imoral: Trump separa 2 mil crianças dos seus pais imigrantes

Está no site do jornal Hora do Povo

As cenas de centenas de crianças mantidas em gaiolas de arame em um ex-hipermercado Walmart no Texas, rebatizado de ‘Casa Padre’, após terem sido separadas à força de seus pais imigrantes na fronteira pela política de ‘tolerância zero’ do governo Trump, causaram enorme comoção nos EUA e no mundo inteiro, em meio a protestos, condenação da ONU, repúdio de entidades, religiosos e parlamentares e com a própria esposa Melanie se negando a endossá-la.

Os EUA, que vivem dando cínicas aulas de ‘direitos humanos’ ao mundo inteiro, flagrados sem sequer uma folha de parreira para se esconder: quase 2 mil crianças separadas de seus pais em seis semanas desde que o presidente Trump, fazendo um uso ainda mais extremado de uma lei xenófoba de Obama, passou, no dizer do El Pais, a fabricar “órfãos por decreto”. “Separar bebês de suas mães é imoral”, afirmou o Cardeal Daniel DiNardo, presidente da Conferência de Bispos Católicos dos EUA”.

Na semana passada, manifestantes foram às ruas de 60 cidades – entre essas, Los Angeles, Nova Iorque, Washington, Detroit e Albany – para repudiar a crueldade. A Casa Padre está lotada, com meninos de 10 a 17 anos. A média de estadia, segundo levantamento feito pela NBC News, é de 52 dias, antes que as crianças sejam entregues a um tutor.

Na descrição da Associated Press, cada gaiola tem 20 crianças dentro. Espalhadas em volta estão garrafas de água, sacos de salgadinho e grandes folhas de alumínio que servem de lençóis. O ex-Walmart fica em Brownsville – e, do outro lado da fronteira, e de uma cerca de seis metros de altura, está Matamoros, no México. Além das crianças separadas dos pais, para lá são mandados garotos que cruzaram sozinhos a fronteira, em busca da família, que já chegara. A lotação atual é de 1500.

Em Genebra, ao encerrar seu trabalho como Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, Zeid Ra’ad al Hussein, exigiu o “fim imediato” da cruel política de separação de famílias. “Pensar que um Estado busca dissuadir os pais, infligindo tal abuso às crianças é inadmissível”, afirmou. Ele também fez um apelo para que Washington ratifique afinal a Convenção dos Direitos da Criança – só falta os EUA. A ONU já havia advertido que imigração sem documento, pela lei internacional, não é crime.

O ‘ministro da Justiça’ (“procurador-geral”) de Trump, que foi a autoridade que anunciou aos imigrantes em abril que, daqui para a frente, se fossem capturados, teriam seus filhos separados forçosamente, agora teve o desplante de asseverar que essa xenofobia toda é para “proteger as crianças” da “traiçoeira viagem” até os EUA. Houve Trump-boy que até culpou a “Bíblia” pela truculência.

Mas o repúdio não para de se avolumar. A senadora republicana Susan Collins disse que a separação era “inconsistente com os valores americanos”, acrescentando que a “mensagem” de Trump é que “se você cruzar a fronteira com suas crianças, suas crianças serão tiradas de você”. Outros senadores republicanos se apressaram a condenar a medida, como John McCain e Ted Cruz.

Conforme as eleições intermediárias de novembro se aproximam, menos cada candidato quer aparecer junto ao despautério. No lado democrata, os mesmos que ficaram caladinhos quando Obama aprovou a lei que Trump está usando sem disfarce, agora proferem que “a Casa Branca está usando as lágrimas e sofrimento das crianças para construir seu muro na fronteira”. “Isso é um esforço para extorquir uma lei a seu gosto no Congresso, é profundamente antiético, afirmou o deputado Adam Schiff.

Cada anúncio de Trump sobre o “combate à imigração” vai empilhando desastre em cima de desastre. Tribunais federais estão realizando julgamentos em massa para deportação de imigrantes, um arremedo do devido processo e do direito de defesa, em que são sumariamente deportados em seguida. 1600 imigrantes detidos vão ser levados para prisões federais. Prisões temporárias inóspitas na fronteira tornaram-se conhecidas como “geladeiras”. Um imigrante hondurenho se suicidou após separado à força da esposa e filho. Os Serviços Sociais reconheceram em abril que perderam a pista de cerca de 1.500 meninos porque seus responsáveis não atendem ao telefone.

Uma advogada relatou à CNN como uma mulher hondurenha teve seu bebê tirado à força quando a estava amamentando no centro de detenção. Acusada de resistir, foi algemada. Para a principal entidade de direitos civis dos EUA, a ACLU, há inúmeros casos como esses. Conforme dados do governo, há 11.351 menores imigrantes sob custódia em uma centena de centros. Com a exacerbação da caçada aos imigrantes, o governo planeja montar dez cidades de tendas em bases militares. Os processos contra os imigrantes chegam às raias do absurdo, e os pais não têm qualquer garantia de que verão de novo os filhos e podem, inclusive, ser deportados, enquanto o filho fica em alguma casa de abrigo.

Foto: GettyImage

Share Button

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com