Artigo

De Dama de Espadas e de Cidade Luz, via Tubérculo, tudo junto e misturado

por Carlos Alberto Barbosa

Nestes tempos de Lava Jato e em que se fala muito em políticos ficha-suja, sobretudo agora nas eleições, o Rio Grande do Norte, como sempre, não poderia deixar de ficar de fora com os seus escândalos e com os seus ficha-sujas, afinal, o nosso estado sempre esteve na vanguarda dos escândalos na política desde o processo de redemocratização do país.

Os mais velhos devem se lembrar, por exemplo, do famoso escândalo chamado “Rabo de Palha”, do hoje senador José Agripino Maia (DEM), denunciado pelo então governador Geraldo Melo (PSDB). Clique aqui para relembrar o “Rabo de Palha” e outras tramanhas da política papa-jerimum.

Mas podemos citar ainda o Foliaduto – escândalo das “bandas fantasmas” que “tocavam” nos carnavais do interior sem nunca terem se apresentado, mas ganharam dinheiro através de contratos firmados com a FJA (Função José Augusto) com a conivência do Gabinete Civil do então Governo Wilma – já falecida -, Merenda Escolar no Governo Garibaldi, “Gafanhotos” no Governo Fernando Freire e por aí vai.

Fiz este preâmbulo para chegar aos escândalos dos dias atuais, como a “Dama de Espadas”, em que o governador Robinson Faria (PSD), candidato a reeleição é citado e o “Cidade Luz’, onde da mesma forma o candidato a governador, ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT) é citado, além da Operação Tubéculo, apêndice do “Cidade Luz”.

Aliás, sobre esta “Operação Tubérculo”, o colega Carlos Santos diz hoje no Blog do Herzog que “Operação Tubérculo deve seguir emendas parlamentares”. Segue o texto:

“Ao ser preso em Natal na manhã de terça-feira (14), Edvaldo Pessoa de Farias – funcionário da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, lotado no gabinete da deputada estadual Cristiane Dantas (PPL) -, não esboçou maior reação. Ele sabe bem o que pesa contra si.

Bola”, como é conhecido entre amigos, foi informado por um dos promotores públicos da “Operação Tubérculo”, que áudios, conversas em WhatsApp e outros elementos o deixam em seriíssima encrenca. Se ele falar tantinho assim o que sabe, deixará muita gente graúda da política do RN em dificuldades, de parlamentares federais a prefeitos.

Durante todo o dia/noite, a imprensa e redes sociais quase ignoraram a presença desse personagem de comportamento discreto, quase imperceptível, no enredo das investigações procedidas pelo Ministério Público do RN (MPRN). A prioridade, com viés eleitoreiro, foi-se explorar a prisão preventiva e afastamento de cargos do prefeito Robson de Araújo (PSDB), o “Batata”, e o vereador Raimundo Inácio Filho (MDB), o “Lobão”, ambos de Caicó (veja AQUI).

Mas a “cereja” desse bolo é mesmo Edvaldo Pessoa de Farias. O MPRN atirou no que viu e pode ter acertado em algo de dimensão estelar e com efeito dominó bastante profundo.

Muitos personagens conhecidos da gestão pública e da política potiguares tendem a emergir em situação vexatória.

“A Bola” e o “Bola”

Edvaldo Pessoa, o Bola, é lobista. Nos intramuros da política e nos escaninhos de concorrências públicas, ele é associado principalmente a emendas parlamentares federais para o setor de Saúde Pública. Seu “trabalho” (veja AQUI) na Assembleia Legislativa, onde não costuma aparecer, é meramente de fachada.

Ele teria o papel de fazer a intermediação de contatos na cadeia produtiva da corrupção, ensejando que material médico-hospitalar, medicamentos etc. acabem por se transformar em um bom negócio para as partes envolvidas; mesmo que isso cause prejuízo ao erário e à população.

O rateio usual da “bola”, que incluiria o próprio Bola, pode chegar a 30% ou mais do total de recursos envolvidos.

Vem mais barulho por aí. Ninguém comemore prisão de prefeito ou vereador. Eles são arraias-miúdas desse oceano recheado de predadores. Esse novo veio de prospecção investigativa pega novo rumo, com foco naquela máxima: “Siga o dinheiro” das emendas parlamentares.

* A Operação Tubérculo (referência à batata) é desdobramento das operações Cidade Luz, deflagrada em julho de 2017 e que desvendou um esquema criminoso instalado na Secretaria Municipal de Serviços Urbanos de Natal através da constituição de cartel, entre empresas pernambucanas que prestavam serviços de iluminação pública na cidade; e Blackout, realizada em agosto do mesmo ano e que apurou superfaturamento e pagamento de propina para manutenção do contrato de iluminação pública em Caicó”.

Como se observa, caro leitor, os escândalos políticos no Rio Grande do Norte, têm sempre sobrenomes conhecidos na política papa-jerimum envolvidos. Maias, Alves, Farias, tudo junto e misturado. E raro os governos oligárquicos que não se têm escândalos.

 

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