Editorial

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Jornalismo sério se ouve os dois lados

O Brasil vive um momento, não diria de tensão, mas de insatisfação com os nossos governantes e com a classe política de um modo geral. O povo nas ruas cada um com o seu protesto é um retrato de que a sociedade brasileira cansou do descaso dos políticos que usam e abusam da boa fé do brasileiro. As redes sociais estão tendo um papel fundamental nestas grandes manifestações de massa que vêm ocorrendo desde junho. Mas é fato também que a imprensa dita tradicional deu sua contribuição. Se as redes sociais se articularam para ir as ruas é porque a imprensa noticiou o mensalão, a farra em aviões da FAB, o descaso com a saúde, a educação, a segurança pública, enfim, uma série de coisas que fez com que o cidadão caísse na real.

A cada manifestação de rua se constata uma insatisfação generalizada. Algumas cidades com seus protestos mais intensos e até mesmo particulares, caso do Rio de Janeiro, que pede o impeachment do governador Sérgio Cabral (PMDB), que usa helicóptero do governo para se deslocar com familiares para sua casa de praia em Mangaratiba final de semana sim outro sim. É o direito do povo fluminense se manifestar contra o governador. E não é só pelo uso do helicóptero oficial não. Tem muito mais coisa.

Fato é que as manifestações no Rio estão gerando uma série de contra-informação, sobretudo na cobertura da chamada mídia alternativa encabeçada pelo Coletivo Mídia Ninja, traduzindo: Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação. Não quero entrar no mérito da cobertura em si, até porque acho relevante se mostrar o que ocorre nos bastidores dos protestos. No entanto, o que se observa é um certo ufanismo desse grupo arrogando a si méritos extraordinários como se a cobertura destas manifestações no que diz respeito a “independência jornalística” coubesse única e exclusivamente a eles, ficando a mídia tradicional com o ônus da maquiagem.

Li dois textos para reflexão sobre o assunto: o primeiro deles de Carlos Newton no blog Tribuna da Imprensa, Informação e Opinião. Diz ele:

Depois dos vândalos do Black Bloc, agora está caindo a máscara do tal Coletivo Mídia Ninja, que alega estar fazendo “jornalismo de vanguarda”, ao incentivar a baderna e a violência nas ruas, prejudicando e desvirtuando totalmente um dos movimentos político-sociais mais importantes da história do Brasil.

O Coletivo Mídia Ninja se apresenta como se fosse uma espécie de “jornalismo de vanguarda”, uma iniciativa aparentemente interessante e viável para quebrar o monopólio das chamadas nove famílias que comandam a “grande mídia” no Brasil. Mas na verdade é apenas mais um instrumento político de baixo nível.

O segundo texto, esse assinado por Sylvia Debossan Moretzsohn, no Observatório da Imprensa, se contrapõe ao primeiro: Diz Moretzsohn:

As alegações variam, mas os métodos e objetivos são os mesmos: intimidar os militantes da mídia alternativa que vêm documentando os protestos no Rio de Janeiro, cada vez mais concentrados na figura do governador do estado. Em junho, foi a prisão de um estudante de jornalismo que fotografava a primeira grande manifestação no Centro da cidade, sob a acusação de “formação de quadrilha”. Agora, foram dois representantes da Mídia Ninja, que na noite de segunda-feira (22/7) transmitiam os distúrbios em frente ao Palácio Guanabara, minutos após o fim da cerimônia de recepção ao papa Francisco, recém-chegado para a Jornada Mundial da Juventude. A acusação: incitação à violência.

Pois muito bem caro leitor: como o jornalismo sério recomenda que se ouça os dois lados e como não moro no Rio de Janeiro, a melhor forma que encontrei para seguir a regra do bom jornalismo foi transpor para este espaço os links dos referidos textos: Clique aqui e aqui e tire sua conclusão.
Charge: Nani
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2 Responses to Editorial

  1. YS disse:

    Favor linkar o texto que deu origem a estes artigos “Linkados”:
    http://www.livreimprensa.com.br/tucanonymous-peteninjas-e-os-aliados-do-eixo/
    Um abraço

    • Carlos A. Barbosa disse:

      Muito boa noite. Se vc ler todo o Editorial vai verificar que puxei os links para os dois textos em questão. Basta ir em Leia Maia. Obrigado!

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