Editorial

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O carreirismo político é de causar perplexidade

Na política, todos sabem, a grande maioria faz dela uma profissão. Muitos dos políticos têm até um grau superior apenas pra dizer que tem formação acadêmica. E só! Nunca, sequer, na maioria dos casos tiveram uma carteira de trabalho assinada. Política no Brasil virou sinônimo de emprego essa é a verdade.

Fiz este pequeno preâmbulo para discorrer um fato até de certa forma sui generis. Natal, capital do Rio Grande do Norte, que já teve até uma prefeita afastada pela Justiça por ter cometido improbidade administrativa – Micarla de Sousa – e sequer terminou o mandato, agora enfrenta uma outra situação atípica. Veja, caro leitor. Nós natalenses estamos sem prefeito desde o feriado da Semana Santa. O nosso alcaide – Carlos Eduardo Alves – viajou à Europa a trabalho, a bem da verdade, mas não deixou ninguém para ocupar o seu assento na prefeitura. Não que ele não quisesse, mas porque a vice-prefeita, Wilma de Faria, se recusou a assumir o cargo, de direito, porque é candidata ao Senado e sendo assim isto a impede de assumir a sua função de prefeita interina, segundo a legislação eleitoral. Claro e óbvio que o interesse maior da vice-prefeita aí é a sua campanha a senatória, um sonho antigo. Natal que se lixe.

A situação é tão sui generis que o juiz Luiz Alberto Dantas Filho, da 5ª Vara da Fazenda Pública de Natal, mandou notificar a vice-prefeita, o presidente da Câmara Municipal, Albert Dickson, e o vereador Júlio Protásio, para que no prazo de 24 horas se manifestem sobre o pedido de medida liminar impetrado pelo vereador Maurício Gurgel. O prazo se encerra hoje.

Na ação movida pelo vereador Maurício Gurgel, ele pede a determinação de intimação da vice-prefeita Wilma de Faria para que esta assuma a chefia do Executivo Municipal, interinamente, durante a ausência do prefeito constitucional, ou renunciar ao mandato outorgado pelas urnas. Com a utilização de oficial de justiça, caso não seja localizada a vice-prefeita, que sejam intimados o presidente da Câmara Municipal e o primeiro vice-presidente daquela casa.

As razões do presidente da Câmara em também não querer assumir o cargo de prefeito são as mesmas da vice-prefeita, ou seja, ele é também candidato a um cargo eletivo nas próximas eleições – deputado. O primeiro vice-presidente da Casa, no caso o vereador Júlio Protásio, que está de licença médica, pelas informações deve aceitar a “árdua missão” de ser prefeito interino da capital dos Reis Magos.

Pois é, amigo leitor. Chego a conclusão de que o carreirismo político é de causar mesmo perplexidade. E por que cheguei a esta conclusão? Simples: Wilma de Faria aceitou ser vice de Carlos Eduardo Alves na campanha passada para prefeito de Natal já pensando em fazer do seu cargo um trampolim para a sua campanha ao Senado. Ela sabia que se concorresse a prefeita correria o risco de perder a eleição. Melhor então garantir um cargo de vice de um candidato que vinha liderando as pesquisas de intenção de voto. Com isso, daria para fazer política em Natal e no interior nas horas vagas, que diga-se de passagem são muitas.

Da mesma forma o presidente da Câmara, Albert Dickson, como outros que o sucederam, está fazendo da presidência da Casa um trampolim para o seu projeto de ser deputado. Normal isso? Diria que sim. O anormal nisso tudo é que Natal está sem prefeito e foi preciso a Justiça ser provocada para intimar três políticos na linha de sucessão do prefeito titular em caso de sua ausência para que, pelo menos um, viesse a se manifestar. Espero que ao publicar este texto já tenha alguém sentado na cadeira do Palácio Felipe Camarão para que possa chamar de prefeito.

A conferir!

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