Editorial

Os verdadeiros motivos que levaram Parente a pedir exoneração

O que levou o ex-presidente da Petrobras, Pedro Parente, a pedir exoneração do cargo não tem nada a ver com a paralisação dos caminhoneiros e a pressão para que a estatal baixasse o preço do diesel, o que estaria relacionado com a política de preços adotada pela estatal. Em carta, o executivo disse que  sua permanência ‘deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas’.

Na verdade, e isso a mídia tradicional não diz, está no fato de que o jornalista Filipe Coutinho, da publicação eletrônica Crusoé, denunciou em reportagem dias atrás que o empresário Odilon Nogueira Junior, sócio de Pedro Parente, então presidente da Petrobras, tem um contrato de R$ 11 milhões, sem licitação com a Petrobras. Com receio da denuncia se tornar num grande escândalo, Parente preferiu entregar a carta de demissão. Usou a missiva, a meu ver,  mais como um subterfúgio

Segundo o repórter, Nogueira Junior firmou o contrato para prestar serviços de pesquisa e gestão em março de 2017. Cinco meses depois, ele passou a ser sócio de Pedro Parente. O empresário é dono da Dana Tecnologias, cujo endereço é a casa dele. À época da assinatura do contrato da Dana com a Petrobras, Parente já presidida a estatal. O mesmo repórter publicou na semana retrasada outra denúncia contra Pedro Parente, a de que o banco JP Morgan no Brasil recebeu pagamento no valor de R$ 2 bilhões da Petrobras. Segundo o jornalista, José Berenguer, que preside o banco no Brasil, é sócio de Parente.

Depois de a Crusoé revelar que Pedro Parente mantém sociedade com um empresário com contrato de R$ 11 milhões com a Petrobras, a empresa enviou uma nota para negar que haja conflito de interesses e chama a notícia da revista de “insinuação”. A “insinuação”, contudo, foi enviada para um comitê interno da Petrobras.

Este o verdadeiro motivo do pedido de exoneração de Pedro Parente do cargo de presidente da Petrobras.

Aliás, Parente tem um histórico digno de um executivo que, digamos, nunca deu sorte com o zodíaco, certamente. Senão vejamos:

Na época do governo Sarney, Pedro Parente era funcionário da área contábil do Banco Central e foi convidado por Andrea Calabi, então secretário do Ministério do Planejamento, para assumir à recém-criada Secretaria do Tesouro Nacional. estava no governo quando estourou a hiperinflação no país; quando Collor confiscou a poupança dos brasileiros, Pedro Parente era secretário de planejamento do então Ministério da Economia; quando Itamar Franco assumiu à Presidência da República após o impeachment de Collor, Pedro Parente se encontrava num cargo no FMI (Fundo Monetário Internacional); quando do apagão no governo FHC, Pedro Parente estava exatamente como chefe do Gabinete Civil da Presidência; agora, com a crise no preço dos combustíveis no governo golpista de Michel Temer, onde estava Pedro Parente? Na Petrobras.

Como se observa, Pedro Parente nunca teve sorte com o zodíaco!

Foto reproduzida da Internet

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