Editorial

Procura-se um candidato para enfrentar Lula

A última pesquisa Datafolha para Presidência da República, divulgada esta semana, revela que o ex-presidente Lula, ao menos por enquanto, continua imbatível numa eventual disputa para o pleito de 2018. Se Lula não for preso, até porque não se tem provas de que ele estaria envolvido na Lava Jato – a menos que o juiz Sérgio Moro enxergue chifre em cabeça de cavalo -, o petista será sim um forte candidato a voltar a ocupar o Palácio do Planalto.

O PMDB, do presidente Michel Temer, já denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que afirmou que “há fartos elementos de prova” que fundamentam a denúncia de corrupção apresentada nesta segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal contra ele – Temer -, não tem a mínima chance de apresentar candidato, até porque suas lideranças estão todas envolvidas na Lava Jato e sob investigação do Supremo. O PSDB, idem, com o presidente afastado do partido, Aécio Neves, também acusado de envolvimento direto na Lava jato e já com prisão pedida pelo procurador-geral da República.

A direita, neste caso, se escora numa hipotética candidatura do ultra-direitista, o militar da reserva Jair Bolsonaro (PSC). Um conservador que está aproveitando o discurso de que a classe política é corrupta, embora ele faça parte dela, para tentar ser o “Salvador da Pátria”. Bolsonaro tem arregimentado simpatizantes, tanto assim que figura em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto na última pesquisa do Datafolha. O jornal norte-americano Quartz publicou uma comparação entre o brasileiro e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Concluo o meu texto reafirmando o que já venho dizendo há algum tempo e que agora vejo também o jornalista Luiz Carlos Azenha dizer a mesma coisa: Dilma não caiu por conta dos muitos erros que cometeu. Caiu porque mexia no vespeiro montado por Eduardo Cunha e quadrilha nos bastidores do poder. Caiu por ser mulher, um aspecto pouquíssimo mencionado pelos ‘analistas políticos’. Da mesma forma, a perseguição a Lula tem como eixo central, em nossa opinião, as mexidas tênues que ele fez na hierarquia conservadora de uma sociedade que introjetou 300 anos de escravidão em seu organismo. Dar o cartão do Bolsa Família para as mulheres? Valorizar as empregadas domésticas? Acelerar a economia de tal forma a encarecer a mão-de-obra das madames? Colocar negro pobre na universidade? O ódio de classe dos paneleiros se voltava contra isso, tanto que eles desistiram completamente quando as denúncias chegaram ao PSDB e ao PMDB. Aliás, não esqueçamos também a ascensão de pobres e negros às universidades públicas e privadas até então elitizadas.

 

 

 

 

 

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