Editorial

Quem está mentindo nas delações do grupo Odebrecht?

Na semana passada o jornalista Josias de Souza, que escreve para a Folha de S. Paulo levantou um questionamento pertinente. Disse ele em artigo publicado em seu blog sob o sugestivo título “Há um mentiroso entre os delatores da Odebrecht” que num acordo de colaboração judicial, pode-se desconfiar das verdades dos delatores. Mas uma mentira deslavada, quando apanhada no pulo, revela-se sempre rigorosamente verdadeira. Por isso, um dedo-duro jamais deve dizer uma mentira que não possa provar. Do contrário, prêmios judiciais como a redução da pena podem ser anulados e convertidos em castigos mais severos.

Continuando, Josias de Souza afirmou que a Justiça Eleitoral intimou três delatores da Odebrecht para uma acareação. Entre eles o príncipe-herdeiro Marcelo Odebrecht e o ex-executivo da construtora Claudio Melo Filho. Um dos dois mentiu ao ministro Herman Benjamin, do TSE, sobre o jantar ocorrido em 2014, no Palácio do Jaburu —aquele rumoroso repasto em que Michel Temer mordeu uma doação de R$ 10 milhões da Odebrecht para o PMDB.

Pois muito bem caro leitor: nesta segunda-feira (13) a coisa parece ter se repetido nos depoimentos do empresário Emílio Odebrecht, pai de Marcelo, e do ex-executivo da Odebrecht Márcio Faria, em depoimentos prestados sobre a Operação Lava Jato.

No depoimento de hoje, o empresário Emílio Odebrecht disse que o apelido Italiano era usado para identificar diversas pessoas e que, portanto, não pode apontar que Palocci é aquele da planilha. Já Márcio Faria declarou não conhecer Palocci e a sua  afirmativa se deu por ouvir  dizer de terceiros.

Faria foi ouvido por videoconferência, com São Paulo (SP), na manhã desta segunda-feira (13), em ação da Operação Lava Jato. O G1 teve acesso ao depoimento, sob sigilo, em razão de uma falha técnica no site da Justiça Federal.

O ex-executivo afirmou que Marcelo Odebrecht, ex-presidente do Grupo Odebrecht, era quem tratava dos pagamentos ilegais com Palocci.

(sic) lembro apenas que Márcio Faria declarou não conhecer Palocci e a sua  afirmativa se deu por ouvir  dizer de terceiros.

“O ex-ministro Palocci era do contato do Marcelo, que eu entendo que tinham formulado vários projetos que a empresa estaria participando, principalmente onde era investidora”, disse.

Já Emílio Odebrecht afirmou em depoimento ao juiz Sérgio Moro que jamais tratou de pagamentos ilícitos com Antonio Palocci, mas “não tem dúvidas” de que ele pode ter sido um dos operadores do PT e recebido recursos em favor do partido.

“Existem muitos apelidos na organização, eu seria leviano. (…) Não sei dizer se efetivamente era o doutor Palocci, mas com certeza ele também era identificado como ‘italiano’”, afirmou Emílio.

Como disse Josias de Souza, “Quem está mentindo nas delações do grupo Odebrecht?

Há um mentiroso ou muitos mentirosos nas delações da Odebrecht.

A conferir!

 

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