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Robinson desabafa em sua última mensagem: `Não foi o meu governo quem quebrou o estado´

Em tom de desabafo o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), leu nesta terça-feira (6) na Assembleia Legislativa sua última mensagem anual. Dirigindo-se aos deputados, auxiliares de governo e ao público que ocupava as galerias, Faria culpou a grave situação por qual passa o Rio Grande do Norte à crise econômica e política vivenciada hoje no país. “Depois que assumimos o Brasil quebrou, a Petrobras quebrou, entre tantos outros efeitos da maior crise da história do país”.

Robinson Faria afirmou que quando assumiu o governo, em janeiro de 2015, dos nove estados do Nordeste, o Rio Grande do Norte era o que estava na pior condição. “Isso é um fato conhecido por todos nós”. Enfatizou o governador que sua antecessora – se referindo a ex-governadora Rosalba Ciarlini, hoje prefeita de Mossoró – encerrou o ano de 2014 utilizando recursos do Funfir (Fundo Financeiro do Estado) para conseguir fechar a folha de dezembro e o décimo terceiro.

O governador aproveitou o discurso para dizer que de 2010 para 2018, o orçamento do Executivo cresceu 53%, enquanto os orçamentos dos outros poderes – Legislativo e Judiciário – cresceram entre 90% e 150%. “As despesas mensais superam em 12% as receitas do terouro, mas é importante ressaltar que este percentual foi travado, congelado, desde o início de nossa gestão”.

“O Rio Grande do Norte não pode parar e não existe crise que nos faça esquecer nosso juramento inicial em governar para os mais humildes, para ajudar o estado a se desenvolver e em melhorar a vida de todos. No curtíssimo prazo queremos a solução dos pagamentos dos salários que estão pendentes. No médio prazo queremos a estruturação e adoção de medidas para evitar que depois que estes pagamentos forem feitos, não volte a acontecer os atrasos que têm ocorrido. E no longo prazo, queremos salvar o Rio Grande do Norte para as futuras gerações. Não é fácil, mas não é impossível”, colocou o governador.

Conotação política

A mensagem teve também uma conotação política. Ao dizer que sabe da sua cota de responsabilidade pelo o que está acontecendo, colocando a sua história de vida pública para reverter a grave crise econômica pela qual o estado passa, o governador foi enfático ao falar que fará de tudo para reverter esta situação “nem que para isso eu tenha que sacrificar ainda mais a imagem que eu construí”.

Faria enfatizou que neste momento coloca o Rio Grande do Norte em primeiro lugar, “acima de todos e acima de mim mesmo”. O governador deixou claro que o que está em jogo não é o seu projeto político, mas a tarefa de tirar o Rio Grande do Norte do estado crítico em que se encontra.

“A folha do estado explodiu nos últimos anos, fruto do explosivo crescimento das despesas previdenciárias. A folha de inativos e pensionistas é hoje quase o dobro do que quando assumimos. Muita gente se aposentou e colocou pressão enorme no sistema. Para se ter uma ideia da distorção, hoje, dos 51 mil servidores inativos somente oito mil, ou seja, apenas 17% contribuem com a previdência. Isso é uma bomba relógio que vem de muitos anos e não foi criada por mim, disse o governador se referindo de forma velada a seus antecessores.

Robinson Faria lembrou que as transferências da União, por sua vez, caíram drasticamente nos últimos três anos, “fruto de uma crise sem precedentes na história do país”. De acordo com o governador, o estado precisa aportar hoje mais de R$ 100 milhões por mês para cobrir o déficit da previdência. “Essa conta subiu 160% nos últimos anos, de R$ 50 milhões em 2015 paraR$ 132 milhões nos dias atuais, e ela foi projetada desde antes da nossa gestão”.

Para o governador Robinson Faria existem distorções históricas que precisam ser corrigidas, se referindo novamente aos seus antecessores evitando falar em nomes e chamou a Assembleia Legislativa à responsabilidade ao dizer que “esta Augusta Casa ainda tem uma oportunidade de contribuir para este grande esforço”, numa referência as medidas do pacote de ajuste fiscal que ele espera serem aprovadas. “Reforço aqui que ainda temos projetos importantes a serem votados, que estão nesta Casa e que precisam de um olhar cidadão, um olhar democrático e, acima de tudo, um olhar humano, pois são temas que afetam a vida de milhões de norte-riograndenses. São projetos como o teto de gastos, o congelamento de gastos e tantos outros, que se coadunam com o nosso esforço em salvar a governabilidade do estado para o hoje e para o futuro. Nunca é demais lembrar que muitos destes projetos que estão aí estavam na Assembleia já em 2015”.

Foto: Eduardo Maia/ALRN

 

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