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A coisa grotesca na entrada de Natal

por Stella Galvão

Transitar pela BR-101 nas imediações do início do bairro Cidade Satélite nunca assustou ninguém, muito pelo contrário. À exceção de alguns prédios, lojas de carros, comércio atacadista, nada havia de terrivelmente feio, beirando o grotesco. O olhar até mesmo se enternecia diante da visão da bela escultura em homenagem aos Reis Magos, símbolo da cidade nascida no mesmo dia que a Cristandade reconhece como nascimento de Jesus. Estávamos assim, tranquilos e com o olhar apaziguado, até que um monstrengo verde tomou de assalto um lado da avenida, na altura da saída da av. Maria Lacerda Montenegro.

O horror cristaliza-se em uma estátua feia, réplica falsa e mal ajambrada da estátua da liberdade, símbolo da cidade de Nova York, nos EUA. Impossível passar desapercebida. São 30 metros de fibra de vidro enfeando a paisagem. Sabe-se que a empresa comandada por Luciano Havan, hoje conhecido como “véio da Havan”, já contabiliza 168 lojas em 21 estados. A decisão de usar a bizarrice veio depois de uma viagem à pátria do tio sam. O véio ficou deslumbrado e decidiu reproduzir o estrupício a cada nova loja. Como escreveu Ariano Suassuna, diante dessas ásperas formas de arte que lidam com o feio, o contemplador experimenta um choque, uma espécie de fascinação misturada de repulsa.  

Consta nos autos jornalísticos que ao menos um rincão contemplado com semelhante monstro ensaiou uma reação.  Foi São Luiz do Maranhão que esperneou na metade do ano passado. Chegou a circular um abaixo assinado pedindo que a Justiça impedisse o ataque explícito ao dantesco monumento.

O jornal “O Povo” contou a história e trouxe uma declaração do secretário de Desenvolvimento Urbano de São Luís, Marcio Jerry: “Só um imbecil absoluto como esse tal de véio da Havan para querer instalar na histórica e bela São Luís uma réplica da Estátua da Liberdade. A Ilha Rebelde não aceitará a estupidez cafona”, afirmou.

Difícil bater no peito decrépito do idoso, hoje na lista dos 10 mais ricos do país da revista Forbes. A cafonice foi instalada na capital maranhense em setembro/2021. Como sabem até as saúvas da BR-101, o véio é blindado por aquele a quem financia desde que se limitava a uns pontos percentuais na corrida presidencial de 2018. Vestido de verde, qual palhaço canarinho, esbraveja as bravatas defendendo em qualquer palco o outro vassalo-mitinho americano. O Tribunal Superior Eleitoral já o multou por promover fake news em 2018, mesma razão que leva o Supremo Tribunal Federal a mantê-lo na mira. Também foi acusado de espalhar mentiras sobre a pandemia e incentivar o uso do famigerado do ‘kit covid’, tema que rendeu muita projeção midiática por obra da performance do véio verde e seu monstrengo.

*Stella Galvão é jornalista, cronista e colaboradora do blogdobarbosa

Foto: Ilustração

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