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`A questão ideológica é muito mais grave que a corrupção´: Bolsonaro deu a senha do seu governo

Não é surpresa nenhuma o presidente eleito de extrema-direita, Jair Bolsonaro, declarar em mais um dos seus arroubos, que a “questão ideológica” é “muito mais grave” que a corrupção. Não esqueçamos que o futuro governo, surgido no bojo de uma onda “contra a corrupção”, tem ao menos quatro dos nomes já indicados para compor o seu ministério sob suspeição: Luiz Henrique Mandetta (Saúde): investigado por suposta fraude em licitação, tráfico de influência e caixa 2 [1], o que ele nega; Tereza Cristina (Agricultura): investigada por supostamente beneficiar a JBS [2], o que ela nega; Onyx Lorenzoni (Casa Civil): investigado por suposto recebimento de caixa 2 [3], o que ele nega; Paulo Guedes (Economia): investigado por supostas irregularidades em fundos de pensão [4], o que ele nega. Segundo Bolsonaro, somente denúncia “robusta” vai tirar algum ministro do governo quando ele assumir a Presidência da República. Ah, sei!

Fato é que pelas palavras proferidas por Jair Bolsonaro num encontro que teve com parlamentares do seu partido, o PSL, em um hotel em Brasília, o seu governo não vai se importar com corrupção. Pelo o que disse e deixou a entender aos colegas de partido, o discurso contra a corrupção foi mais um engodo eleitoral. Para o futuro presidente de extrema-direita, o mais importante é evitar que a esquerda retome o poder, não importando se o seu governo vai ser corrupto ou não. “Se nós errarmos, aquele pessoal volta e nunca mais sai. E quem vai ter que sair seremos nós. E vai faltar toco de bananeira para nós nadarmos até a África ou até os Estados Unidos. Não queremos isso para o nosso Brasil. Muito, mas muito mais grave que a corrupção é a questão ideológica. Vocês sabem muito bem disso”, afirmou.

E os incautos de seus eleitores ainda acreditam que com o juiz “todo poderoso”, Sérgio Moro, no Ministério da Justiça, a corrupção neste país varonil vai acabar. Como, se o próprio Moro já perdoou o seu futuro colega de governo, Onyx Lorenzoni (Casa Civil), de ter praticado caixa 2, e se o próprio presidente eleito disse que muito mais grave que a corrupção é a questão ideológica? Aliás, tudo sob os ouvidos de Sérgio Moro, o indemissível. Há quem diga até que a estratégia de Bolsonaro de convidar Moro para ser ministro da Justiça deu certo, ou seja, afastou o juiz federal do comando da Lava Jato, o que, na prática, está de acordo com o discurso dele [Bolsonaro], de que, “muito mais grave que a corrupção é a questão ideológica.”

Em meio aos arroubos de Jair Bolsonaro, não custa lembrar que o TCU (Tribunal de Contas da União) divulgou levantamento inédito por meio do qual aponta que 38 órgãos e entidades federais, todos com alto poder econômico no governo central, “possuem fragilidades nos controles” em seus contratos. Segundo o estudo, tais níveis de vulnerabilidade sãos “altos” e “muito altos”. As unidades governamentais têm orçamento anual de R$ 216 bilhões, acrescenta o TCU.

Pois é, sobre este levantamento, não causa surpresa, mas causa espanto que um político que foi eleito presidente e que tinha como uma de suas bandeiras o combate a corrupção, dizer aos seus aliados que a “questão ideológica” é “muito mais grave” que a corrupção, de onde se pode deduzir que a bandeira contra a corrupção continua sendo uma falácia desde o golpe contra a presidenta Dilma Ruosseff (PT). Michel Temer está aí para provar o que estou dizendo. É possível até que ganhe um cargo de embaixador na Itália no governo ultra-direitista,  após o término de seu mandato como presidente em 31 de dezembro.  Isso para poder ter direito a foro privilegiado diante das denúncias que lhe são imputadas.

Como disse o jornalista Kiko Nogueira, os fins justificam os meios. Pode ser corrupto, desde que seja “ideológico” e ajude a enxotar os “comunistas”.

Foto reproduzida da Internet

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