Está no Blog do Camarotti
O presidente Jair Bolsonaro [1] recuou de apresentar uma lista de países [2] que, segundo ele, compram madeira extraída ilegalmente do Brasil. Bolsonaro foi alertado por auxiliares do governo que não teria como manter a afirmação. E ainda causaria problemas diplomáticos, isolando cada vez mais o país internacionalmente no debate ambiental.
Ao mesmo tempo, a pressão interna – inclusive do setor do agronegócio – serviu de alerta para integrantes da equipe do presidente, que demonstraram preocupação com o episódio. Ao blog, um auxiliar do próprio governo chegou a classificar a fala como uma “bravata” que não teria como ser comprovada. Na live desta quinta-feira (19), o próprio Bolsonaro teve que fazer uma correção de rumo na sua fala ao citar que eram empresas estrangeiras, e não mais países, que compravam a madeira ilegal. Quando prometeu mostrar a lista, no início da semana, ele havia falado em “países”.
Bolsonaro mencionou a lista em uma reunião dos Brics [3], na terça-feira (17), com os presidentes da Rússia, Índia, China e África do Sul. Ele disse que divulgaria os países que criticam o desmatamento da Amazônia, mas importam madeira ilegal do Brasil.
Um grupo que reúne entidades ambientais e empresários do agronegócio e da indústria cobrou que o governo Bolsonaro assuma a responsabilidade pela fiscalização da madeira extraída no país. A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura – que reúne 262 representantes -, afirma que o maior obstáculo a um modelo sustentável “é a insegurança jurídica causada pela falta de fiscalização e comando e controle pelo Estado.”
A estratégia inicial do presidente Jair Bolsonaro era de transferir responsabilidades da fiscalização do governo brasileiro para quem compra a madeira que é exportada.
“O presidente errou. Ao invés de reconhecer dificuldades internas e pedir colaboração dos países, preferiu partir para o ataque. O grande risco é de um isolamento cada vez maior do Brasil nesta questão ambiental”, reconheceu ao Blog um auxiliar do governo.
Esse mesmo auxiliar lembrou que o vice-presidente Hamilton Mourão já havia adotado a linha de pedir cooperação com os países da Europa.
Foto reproduzida da Internet