- blogdobarbosa - https://blogdobarbosa.jor.br -

André Esteves, o dono do Brasil

Está no portal O Antagonista

Vazamento do áudio de uma reunião do banqueiro André Esteves com investidores, ocorrida na última quinta-feira, mostra sua influência no Congresso, no Supremo e até no Banco Central — sem contar na cúpula da Economia, como deixou claro o ato falho de Paulo Guedes na coletiva de sexta. [1]

Logo no início da conversa, Esteves diz que se atrasou porque estava conversando com Arthur Lira, presidente da Câmara, interessado em saber o que o banqueiro estava achando da demissão de quatro secretários da Economia e da crise no mercado, após o anúncio do furo do teto para bancar o Auxílio Brasil.

“O Arthur Lira me ligou para perguntar o que eu acho”, diz, arrancando risos da plateia. “Vou dar uma palestra agora à tarde. Se quiser, dá um pulo aí.”

Esteves diz que foi quem sugeriu o fatiamento da reforma tributária, começando pelo reajuste da tabela do IR e a tributação de dividendos. Ele se diz favorável à tributação de dividendos, e comemora os ajustes feitos no texto original.

“A reforma não é ruim, poderia ser um pouquinho melhor. Acho que falta mais densidade de formulação na equipe do Paulo. 80% do texto original foi corrigido. Gostei muito de o Congresso querer ouvir, acatar umas sugestões.”

O banqueiro também comenta que orientou ministros do Supremo sobre a necessidade de um Banco Central independente. “O cara não é obrigado a nascer sabendo. Foi importantíssimo conversar com ministro do Supremo, explicar.”

Em relação ao BC, Esteves também afirma que Roberto Campos Neto foi outro a ligar para ele para saber qual que deveria ser o piso (lower bound) da taxa de juros no Brasil. “Caiu demais o juros na pandemia, a 2%. O Roberto me ligou para perguntar, onde você acha que está o lower bound. Eu não sei.”

Após criticar a redução da Selic (“a gente se achou inglês demais”), diz que o Banco Central vai acelerar a alta para conter um pouco a inflação, mas ainda aposta que a taxa ficará na casa de 1 dígito. Esteves também acha que, se Lula for eleito em 2022, “teremos mais dois anos de Campos Neto, o que será ótimo para o Brasil”.

Na conversa com os investidores, o dono do BTG, naturalmente, defende o ministro da Economia e toda sua política fiscal, inclusive o Auxílio Brasil a R$ 400, sugerindo que o vazamento do áudio foi calculado para fortalecer Guedes frente à ala política, que tenta derrubá-lo e que procurou Esteves para tentar sugerir Mansueto Almeida como substituto, como revelou O Antagonista [2].

“Dá para ser 400 reais. É fácil encarar. O mercado está estressando é com a dinâmica. O que vem depois? No que o presidente Bolsonaro acredita? O que os políticos em torno dele estão pensando?”

Por fim, o banqueiro diz que a eleição em 2022 vai ser decidida “ao centro” e que não está muito preocupado se vier um “Lula ultrapopulista ou um Bolsonaro muito doido, não será eleito”.

“Se o presidente Bolsonaro ficar calado, é o favorito. Se o Lula pegar um Meirelles, colocar um Kassab de vice, e falar de meio ambiente, cultura, vai se tornar um favorito. Se nenhum dos dois caminhar ao centro, se Bolsonaro ficar malucão, vai ser alguém de centro-direita. Os dois candidatos ideais são Eduardo Leite e João Doria. Leite é um produto eleitoral com mais novidade, a despeito do excelente governo de Doria. As pautas que levaram Bolsonaro a ser eleito ainda estão por aí. O vento é de centro-direita.

Foto: Luiz Prado/ LUZ/Flickr

Share Button [3]