por Fernando Brito, no Tijolaço [1]
A conversa fiada de que o governo pretende desembolsar R$ 9,7 bilhões para colocar em dia a fila de 2 milhões de aposentadorias que esperam análise do INSS só pode convencer os tolos.
Em primeiro lugar, porque o “estoque” – que bela maneira de tratar pessoas que têm uma vida inteira de trabalho – de pedidos de aposentadoria nada tem a ver com o fato de precisarem que o “sistema” seja atualizado com as novas regras estabelecidas pela “reforma previdenciária”.
São quase todos pedidos feitos com a regra anterior, que não têm nenhuma dificuldade em “rodar” nos sistemas da Dataprev, os mesmos que os processavam há anos.
O que está acontecendo é o adiamento proposital da concessão de benefícios porque estes quase R$ 10 bilhões não pagos foram a fonte a que se recorreu para completar os recursos faltantes para o Bolsa Família e para outras despesas do governo.
Os números divulgados pela Previdência perderam a credibilidade.
Falavam em 1,3 milhão de benefícios atrasados, dias atrás.
Agora falam em 2 milhões.
Dois milhões de aposentadorias não pagas, a R$ 1 mil cada uma, são R$ 2 bilhões. Como a média é de perto de R$ 1,3 mil, R$ 2,6 bi.
Atrase isso seis ou sete meses e pense no dinheiro que é, além do fato de continuarem pingando suas contribuições – quem é louco de parar? -. do IR recolhido quando tudo é pago acumulado e as retenções de FGTS e PIS/Pasep…. É uma “pedalada fiscal” pra Janaína nenhuma botar defeito.
Sem contar que milhares destas pessoas estão sem emprego e muitas vezes sequer vão viver até o “eldorado” miserável de receber os parcos proventos a que têm direito.
Dois milhões de pessoas privadas de seu direito básico de se aposentarem é uma crueldade que, quem sabe, a mídia agora esteja se dando conta.
Foto: Carlos Henrique Pimenta