Está no Brasil 247
Lideranças bolsonaristas avaliam nos bastidores acionar diretamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que o visto de entrada do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados, seja revogado. A informação, publicada por Igor Gadelha, do Metrópoles [1], expõe a crescente insatisfação da ala bolsonarista com a postura do presidente da Casa.
O estopim da irritação foi a falta de movimentação de Motta em relação à proposta de anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro. O presidente da Câmara teria sinalizado que pautaria o projeto ainda antes do recesso parlamentar, mas isso não se concretizou — promessa que nunca foi confirmada publicamente por ele.
Outro ponto que elevou a tensão foi a decisão de Motta de rejeitar o pedido da oposição para suspender o recesso de julho, mesmo após a imposição de novas medidas cautelares contra Jair Bolsonaro (PL).
“O Hugo não foi subserviente aos acordos com o PL. Agora, quem sabe será ao Trump? Até porque ele não teve o visto suspenso ainda”, afirmou à coluna uma liderança próxima ao deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), sugerindo que a ofensiva pode se repetir, a exemplo do que já ocorreu com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ação paralela no Congresso
Mesmo ignorados por Hugo Motta, deputados bolsonaristas decidiram seguir com a agenda própria no Congresso. Na segunda-feira (21), parlamentares do PL se reuniram e marcaram sessões de duas comissões permanentes da Câmara comandadas por aliados do ex-presidente.
Na Comissão de Segurança Pública, bolsonaristas pretendem aprovar uma moção de solidariedade a Jair Bolsonaro, sob a justificativa de que ele estaria sendo alvo de “perseguição política” por parte do Judiciário. Já na Comissão de Relações Exteriores, estão previstas votações de uma moção de repúdio às decisões do STF contra Bolsonaro e outra de louvor ao ex-presidente.
Apesar da resistência de Motta, o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), ligou para o presidente da Casa no sábado (19) e o informou previamente sobre as convocações das comissões. “Falei com ele (Motta) no sábado. Só comuniquei nossas decisões. Ele ouviu e agradeceu a comunicação”, relatou Sóstenes.
O movimento revela uma nova fase da crise entre a base bolsonarista e o comando da Câmara. A irritação com Hugo Motta, que sucedeu Arthur Lira (PP-AL) com o apoio de setores do bolsonarismo, agora escancara uma ruptura interna.
Foto reproduzida da Internet