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Às vésperas de um possível encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Kuala Lumpur, na Malásia, bolsonaristas intensificam tentativas de influenciar a política externa norte-americana. O grupo ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro busca pressionar o governo de Washington para aplicar novas sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com informações publicadas pelo jornal O Globo [1], pessoas próximas ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) — impedido de manter contato com o pai por decisão do ministro Alexandre de Moraes — continuam articulando ações para atingir magistrados brasileiros. O parlamentar, segundo aliados, mantém interlocução com figuras da administração Trump e defende a ampliação das medidas financeiras já adotadas anteriormente pelos Estados Unidos.
Pressão bolsonarista nos bastidores
As articulações foram reforçadas após o encontro entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, ocorrido em Washington. Um mês antes, o Departamento de Estado havia acionado a Lei Magnitsky para sancionar a advogada Viviane Barci de Moraes, esposa de Alexandre de Moraes, decisão que acirrou o embate entre o bolsonarismo e o STF.
Segundo aliados de Eduardo Bolsonaro, a nova ofensiva mira integrantes da Primeira Turma do Supremo, responsável pela condenação de Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. A exceção seria Luiz Fux, único ministro a votar pela absolvição do ex-presidente. Outros nomes, como Gilmar Mendes e Edson Fachin, não estariam entre as prioridades imediatas dos articuladores.
Proximidade entre Lula e Trump
Enquanto isso, as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos parecem ganhar novo fôlego. Lula e Trump, que já haviam se encontrado nos bastidores da Assembleia Geral da ONU, demonstraram, segundo o republicano, uma “excelente química”. Um telefonema recente consolidou a aproximação, e ambos discutem a realização de um encontro bilateral à margem da cúpula da ASEAN, prevista para o próximo domingo na Malásia.
Fontes ligadas à diplomacia brasileira afirmam que, nas conversas entre o chanceler Mauro Vieira e Marco Rubio, o nome de Jair Bolsonaro não foi mencionado. O mesmo teria ocorrido na ligação entre os dois presidentes, sinalizando uma tentativa de concentrar as discussões em temas econômicos e comerciais.
Sanções e tarifas em jogo
Apesar das movimentações, membros do governo americano ainda mantêm críticas ao Judiciário brasileiro. Declarações do secretário do Tesouro, Scott Bessent, e do representante comercial da Casa Branca, Jamieson Greer, associaram as tarifas impostas aos produtos brasileiros a supostas violações de direitos humanos e censura no país.
O Itamaraty, por sua vez, tem insistido que decisões do Judiciário não são passíveis de negociação. Mesmo assim, as tratativas seguem em curso, com a expectativa de que um encontro entre Lula e Trump possa redefinir os termos da relação bilateral.
Foto reproduzida da Internet