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Bolsonaro pediu ajuda a advogado de Trump; aliados admitem desgaste e reforço de ideia de conspiração

Está no Blog da Andréia Sadi

Relatório da Polícia Federal [1] (PF) mostra que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu orientação ao advogado Martin De Luca, que representa a empresa Rumble e a Trump Media & Technology Group, para “melhorar a comunicação em relação ao tarifaço” imposto ao Brasil pelo presidente dos EUA, Donald Trump [2].

Em um áudio, o ex-presidente afirma ter escrito um texto elogiando Trump, dizendo que a “questão da liberdade tá muito acima da questão econômica” e pede que De Luca o guie sobre o que postar nas redes sociais:

“Martin, peço que você me oriente também, me desculpa aqui tá, minha modéstia, como proceder. Eu fiz uma nota, acho que eu te mandei. Tá certo? Com quatro pequenos parágrafos, boa, elogiando o Trump, falando que a questão de liberdade tá muito acima da questão econômica. A perseguição a meu nome também, coisa que me sinto muito… pô fiquei muito feliz com o Trump, muita gratidão a ele. Me orienta uma nota pequena da tua parte, que eu possa fazer aqui, botar nas minhas mídias, pra chegar a vocês de volta aí. Obrigado aí. Valeu, Martin.”

Para a PF, o pedido revela alinhamento do ex-presidente a interesses externos e tentativa de usar medidas de outro governo contra o Brasil em benefício próprio.

A defesa do ex-presidente vê esse trecho como um dos mais delicados do relatório. A avaliação é de que o áudio pode reforçar a tese de que Bolsonaro atuou em coordenação com aliados de Trump para pressionar autoridades brasileiras, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal.

relatório [3], divulgado na quarta-feira (20) pela Polícia Federal, mostra conversas entre Bolsonaro, Matin de Luca, Eduardo Bolsonaro [4] (PL-SP) e Silas Malafaia (leia mais [3]).

O tom das mensagens não era bom. Em uma conversa entre pai e filho, Eduardo xingou Bolsonaro após entrevista do ex-presidente sobre o conflito do filho com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo a PF, Eduardo demonstrou irritação com as declarações do pai.

Em 15 de julho, Eduardo disse ao pai:

“Eu ia deixar de lado a história do Tarcísio, mas graças aos elogios que você fez a mim no Poder 360 estou pensando seriamente em dar mais uma porrada nele, para ver se você aprende”.

O deputado continuou:

“VTNC SEU INGRATO DO CARALHO!’

relatório da Polícia Federal [5] aponta que Jair Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) atuaram de forma deliberada para intimidar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e interferir na Ação Penal 2668, que trata da tentativa de golpe de Estado. Segundo os investigadores, os dois produziram e disseminaram mensagens em redes sociais em afronta às medidas cautelares impostas, com apoio do pastor Silas Malafaia.

As mensagens recuperadas de celulares apreendidos mostram que os investigados buscavam impedir uma eventual condenação de Bolsonaro e de outros réus, acusados de crimes como organização criminosa, golpe de Estado e abolição violenta do Estado democrático de direito.

“As mensagens demonstram que as sanções articuladas dolosamente pelos investigados foram direcionadas para coagir autoridades judiciais do Supremo Tribunal Federal”, diz o relatório.

Conversas expõem atrito entre Bolsonaro e filho e alinhamento com Trump

As trocas de mensagens também revelam divergências entre Jair e Eduardo Bolsonaro. Em um dos diálogos, o deputado admitiu que a atuação junto ao governo Trump tinha como objetivo central blindar o ex-presidente de uma condenação no processo do golpe.

“Se a anistia light passar, a última ajuda vinda dos EUA terá sido o post do Trump. Eles não irão mais ajudar. (…) Temos que decidir entre ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia OU enviar o pessoal que esteve num protesto que evoluiu para uma baderna para casa num semiaberto.”

Segundo a PF, Eduardo passou a publicar mensagens em inglês, mirando o público externo e reforçando a aproximação com aliados do ex-presidente norte-americano.

Além do alinhamento com Trump, a PF encontrou no celular de Bolsonaro um rascunho de pedido de asilo político ao presidente argentino, Javier Milei. No texto, ele alegava ser perseguido por motivos políticos no Brasil e pedia que a solicitação fosse analisada em regime de urgência. Para os investigadores, o documento reforça que, desde 2024, o ex-presidente planejava formas de deixar o país para escapar da Justiça.

A defesa de Bolsonaro afirmou ao blog que a proposta era de fevereiro de 2024 e foi descartada pelo ex-presidente.

Fotos reproduzidas da Internet

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