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O Brasil deverá ingressar no grupo de produtores de petróleo Opep [1]+ com um papel de cooperação e observação das decisões, mas sem participar do sistema de cotas de produção, disse à Reuters o presidente-executivo da Petrobras [2], Jean Paul Prates.
“Eles chamam outros países que não têm direito a voto, e não são impostas cotas a esses países. Jamais participaríamos de uma entidade que estabelecesse cota para o Brasil, ainda mais com o apoio da Petrobras [2], que é uma empresa aberta no mercado e não pode ter cota”, afirmou o executivo.
O possível ingresso do Brasil na Opep [1]+, que reúne os principais produtores de petróleo e aliados, como a Rússia, foi anunciado na quinta-feira (30) em reunião do grupo com a participação do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Silveira disse na reunião que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva [3] “confirmou nossa carta de cooperação” com o grupo de países produtores de petróleo a partir de janeiro de 2024, e que uma equipe técnica do governo analisa o convite recebido.
Segundo o presidente da Petrobras [2], o Brasil irá analisar as regras de funcionamento da plataforma para tomar uma decisão em junho do próximo ano.
“Em junho, vai ter outra reunião onde aí certamente, em Viena, o Brasil vai levar e dizer ‘olha, eu topo participar, estou dentro’. E aí passar a participar das reuniões como uma espécie de membro observador”.
Na véspera, fontes já haviam dito à Reuters que o Brasil não deve participar de sistema de cotas de produção da Opep [1]+, que pode levar a cortes no fornecimento de petróleo.
Uma das principais resistências para o Brasil participar das cotas é a Petrobras [2], que busca elevar sua extração no país, para ampliar a oferta de derivados no mercado interno. Além disso, a companhia obtém importantes receitas com exportações de petróleo.
O Brasil é o maior produtor de petróleo da América do Sul, com uma produção de 4,66 milhões de barris de óleo equivalente ao dia (petróleo e gás) em setembro.
O que são as cotas da Opep [1]+
A Opep [1]+, que é responsável por mais da metade da produção de petróleo no mundo, nasceu com o objetivo de coordenar e unificar as políticas de produção e exportação da commodity pelos países membros, visando sempre “salvaguardar os seus interesses, individual e coletivamente”, segundo o estatuto da organização.
Dessa forma, o que a Opep [1]+ faz, na prática, é determinar quanto de petróleo será produzido para controlar os preços no mercado global. Com uma maior produção, o preço tende a ficar mais barato. Já com uma menor produção, o preço pode ficar mais caro ou se estabilizar.
Quando há uma baixa demanda por petróleo no mundo, por exemplo, a tendência é que a produção seja reduzida, para que não haja muito estoque do produto (o que desvalorizaria seu preço).
As decisões sobre quanto será produzido são determinadas por cotas – que é o que o presidente da Petrobras [2] disse que o Brasil não terá. Os países membros, com base nas oscilações globais de demanda e preço, recebem cotas sobre qual a quantidade máxima que podem produzir por dia.
Foto reproduzida da Internet