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Causos que marcaram os 13 anos do Blog: O dia em que dei em primeira-mão para todo o Brasil a queda de um Mirage da FAB

Não lembro o ano, mas nessa época era correspondente da Radiobrás – agência de notícias do governo federal – no Rio Grande do Norte. Era um sábado. Os meus filhos – três – eram ainda crianças. O mais velho tinha salvo engano oito anos e adorava avião. Estava havendo em Parnamirim, mais precisamente na Base Aérea, uma exposição internacional de aviação. Vários tipos de aeronaves de diversos países como EUA, França, Inglaterra e, claro, Brasil estavam expostos para visitação pública. Pois muito bem, vamos aos fatos:

Como disse, o meu filho mais velho sempre foi um aficcionado por avião. Sabedores dessa exposição internacional aeronáutica em Parnamirim, eu e minha esposa decidimos levar as crianças. Chegamos à Base Aérea de Parnamirim por volta das 15h30. Muitas pessoas já se aglomeravam próximo a pista onde os aviões estavam em exposição. Havia nesse dia uma apresentação da Esquadrilha da Fumaça. Adultos e crianças tiravam fotos junto as aeronaves dos tipos mais modernos.

Antes da apresentação da Esquadrilha da Fumaça pilotos de várias nacionalidades se apresentavam com aviões os mais diversos em voos rasantes sobre Parnamirim Field, era assim como era chamada a Base Aérea na épóca da Segunda Guerra, quando os americanos aportaram por aqui. Os meus filhos estavam adorando principalmente o mais velho. Queria saber detalhes das aeronaves, algumas chamavam mais a sua atenção como os caças americanos, por exemplo.

A Esquadrilha da Fumaça só iria se apresentar às 17h. Como havíamos chegado muito cedo, as crianças já estavam cansadas. Pensamos – eu e a minha mulher – em voltarmos pra casa antes mesmo de ver a Esquadrilha da Fumaça. Eram por volta das 16h30, não sei precisar. Um caça Mirage da FAB [Força Aérea Brasileira] levanta voo para fazer uma apresentação. Em seguida sobe na vertical e como que em parafuso desce rapidamente e se choca com o solo. Imediatamente uma cortina de fumaça no horizonte se espalha. Carros de bombeiros postados na Base Aérea para qualquer eventualidade são acionados. Uma ambulância da Aeronáutica se desloca para o local onde possivelmente o caça teria caído. As pessoas correm sem saber o que estava acontecendo. As atenções ficam voltadas para a cortina de fumaça no horizonte.

Próximo da gente uma jovem senhora com sua filhinha, que devia ter uns quatro anos, corre em prantos em direção a sala de oficiais da Base Aérea. Deixei a minha esposa e os meus filhos onde estávamos e fui saber o que tinha ocorrido. Como disse anteriormente ninguém sabia o que estava acontecendo. As primeiras informações era de que se tratava de uma simulação de acidente. Não acreditei, pois tinha visto o caça subir e descer em parafuso e depois a cortina de fumaça se abrir. Chequei com vários oficiais e a informação era sempre a mesma. Trata-se de uma simulação de acidente. Mas como – perguntava – se uma senhora ao meu lado correu em prantos para a sala dos oficiais? Não obtinha a resposta verdadeira.

Não satisfeito decidi então procurar uma patente menor. Talvez conseguisse arrancar alguma coisa de mais concreta. Dito e feito. Um soldado da Aeronáutica me disse que se tratava de um acidente real. Um piloto da FAB teria morrido no acidente. Não soube precisar o seu nome, mas adiantou que o piloto era do 1º Grupo de Aviação de Caça, sediado na Base Aérea de Santa Cruz, Rio de Janeiro. Descobri depois que a  jovem senhora em prantos era esposa do oficial-piloto morto no acidente. Era o que precisava para confirmar o que já imaginava se tratar. Voltei ao encontro da minha mulher e meus filhos e corri pra casa.

Na época eu trabalhava com um telex. O aparelho era instalado em meu apartamento de onde passava as matérias para a Agência Brasil, em Brasília. Além disso, transmitia matérias para a Rádio Nacional, que pertence a Radiobrás. Quando terminei de passar o texto para a Agência Brasil, com as informações que conseguira, liguei pra Rádio Nacional e pedi para dar um flash. Como era sábado a emissora estava transmitindo um jogo de futebol. Disse que era urgente e expliquei o motivo. O técnico da emissora pediu para aguardar. Poucos minutos depois entra o locutor e me chama no ar. Dei a notícia em primeira mão para todo o Brasil. À noite o Jornal Nacional da Globo também deu destaque ao acidente levando ao ar um vídeo-amador da queda do avião.

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