Política

Celso de Mello diz que Judiciário independente `repele injunções marginais e ofensivas´

Está no G1

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta terça-feira (26) que um Judiciário independente “repele injunções marginais e ofensivas” e que, sem essa independência, “não haverá liberdade e democracia.”

Decano do STF, Mello é o relator do inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal, conforme a acusação do ex-ministro Sérgio Moro.

A declaração do ministro ocorre dias depois de sua decisão de divulgar o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril no Palácio do Planalto, entre o presidente e ministros. O encontro é apontado por Moro como uma prova da atuação de Bolsonaro no sentido de interferir na corporação.

Também na reunião, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, chegou a defender a prisão de ministros da Corte.

“Entendo, senhora presidente, que sem um Poder Judiciário independente – que repele injunções marginais e ofensivas ao postulado da separação de poderes e que buscam muitas vezes ilegitimamente controlar a atuação dos juízes e dos tribunais – jamais haverá cidadãos livres nem regime político fiel aos princípios e valores que consagram o primado da democracia. Em uma palavra: sem um Poder Judiciário independente não haverá liberdade e nem democracia”, afirmou Celso de Mello.

O ministro voltou a participar das reuniões da Segunda Turma do STF e recebeu boas-vindas dos colegas. Celso de Mello disse ainda que apoiava totalmente uma declaração da presidente do colegiado, a ministra Cármen Lúcia.

Ao iniciar a reunião, a ministra afirmou que o “juiz não cria lei, juiz limita-se a aplicá-la”. E que os juízes não podem deixar de atuar, porque “sem o Poder Judiciário, não há o império da lei, mas a lei do mais forte”.

A ministra falou sobre o papel do Judiciário na função de assegurar a democracia e os direitos dos cidadãos. Cármen Lúcia declarou ainda que todos no Brasil se submetem à lei e à Constituição.

“Nós, juízes deste Supremo Tribunal, exercemos nossas funções como dever cívico e funcional sem parcialidade e nem pessoalidade. Todas as pessoas submetem-se à Constituição e à lei no Estado Democrático de Direito. Juiz não cria a lei, juiz limita-se a aplicá-la. Não se age porque quer, atua-se quando é acionado. Nós juízes não podemos deixar de atuar, porque sem o Poder Judiciário não há o império da lei, mas a lei do mais forte”, afirmou a ministra.

Ainda de acordo com a ministra, o STF garante de forma permanente que a Constituição será obedecida. Por isso, afirmou ela, “agressões eventuais” a juízes “não enfraquecem o direito”.

“O Brasil tem, nos ministros deste Supremo Tribunal Federal, garantia permanente de que a Constituição do Brasil é e continuará a ser observada, e a democracia a ser assegurada. Os ministros honram a história dessa instituição e comprometem-se, como todos os cidadãos, como todas as instituições, com o futuro da democracia brasileira. Por isso, agressões eventuais a juízes não enfraquecem o direito”, ressaltou.

“A Justiça é o compromisso e a responsabilidade deste Supremo Tribunal Federal e de todos os seus juízes. Este dever está sendo e continuará a ser cumprido. Porque dever não se descumpre, compromisso não se desonra. O Brasil tem direito à democracia e à Justiça. Este Supremo Tribunal Federal nunca lhe faltou e nunca lhe faltará”, concluiu a ministra.

Ministros que fazem parte da Turma – Gilmar Mendes, Edson Fachin, Ricardo Lewandowski – apoiaram a declaração da ministra Cármen Lúcia. Também fizeram questão de dar boas-vindas ao ministro Celso de Mello.

O ministro Gilmar Mendes afirmou que a fala da ministra traduz o pensamento de todos. “Queria subscrever as palavras de vossa excelência, que traduzem o pensamento de todos nós”. Já o ministro Ricardo Lewandowski afirmou: “Este poder não se curva à pressão externa”.

Foto reproduzida da Internet


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