O senador Fernando Collor (PTB-AL) gastou entre 2011 e 2013 pouco mais de R$ 3 milhões, de acordo com laudo da Polícia Federal (PF). O valor corresponde à soma das faturas de três cartões de crédito do ex-presidente, e foi considerado incompatível com sua renda declarada à Receita Federal no período – cerca de R$ 700 mil – que consiste, basicamente, em seu salário de senador. De acordo com reportagem do jornal O Estado de São Paulo, o laudo com a análise dos rendimentos do parlamentar feito por peritos da PF foi finalizado em 25 de setembro.
O documento foi anexado ao inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) em que o senador é investigado por suspeita de envolvimento no esquema de corrupção descoberto pela Operação Lava Jato [1]. Collor gastou quase cinco vezes mais do que declarou ter recebido para pagar as faturas dos cartões de crédito no período analisado. “A movimentação com o cartão é incompatível com os rendimentos declarados”, diz o laudo.
Collor é sócio das empresas Água Branca Participações, TV Gazeta e Gazeta de Alagoas. Porém, entre 2011 e 2013 consta apenas o seu rendimento do Senado em sua declaração de imposto de renda. O documento da PF mostra um “montante expressivo” de empréstimos contraídos pelo parlamentar junto à TV Gazeta de Alagoas que ajudam a esclarecer o aumento de seu patrimônio. No entanto “há indícios de empréstimos fictícios”, dizem os peritos, que também consideram “desproporcional” o valor milionário dos empréstimos contraídos por alguém que detém apenas 12,28% da TV.
Na última quinta-feira (19), outro laudo [2] da PF apontou que parte da frota de carros de luxo do senador foi paga com dinheiro com indícios de propina, repassado pelo doleiro Alberto Youssef.
A assessoria do senador informou que “todos os gastos e despesas realizados pelo Senador Fernando Collor – inclusive aqueles realizados com cartões de crédito – são categoricamente compatíveis com os recursos por ele recebidos nos anos de 2011 a 2013”. A nota também ressalta que os empréstimos contraídos com a TV Gazeta “são absolutamente verdadeiros”, e argumenta que o laudo da PF não é isento nem objetivo. “Os peritos teceram livremente conjecturas de natureza subjetiva, amparadas em não mais que presunções, o que rigorosamente não têm lugar em laudo que pretenda ser minimamente técnico e que faça jus ao nome”, diz a assessoria.