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Cúpula do PL admite prejuízo ao Brasil com tarifas de Trump e tenta blindar clã Bolsonaro

Está no Brasil 247

Uma ala da cúpula do PL, partido de Jair Bolsonaro (PL), vem se articulando para mitigar os efeitos políticos da sobretaxa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros. Reportagem do jornal O Globo  [1]mostra os esforços da legenda para evitar que o desgaste econômico da medida recaia sobre o bolsonarismo.

A tensão interna ficou evidente após a declaração do senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, que demonstrou preocupação com os impactos concretos da taxação sobre a economia nacional. “Nós temos um problema objetivo, que é o fato de estarmos sendo taxados em 50% de tarifa sobre todo o nosso comércio. O impacto que isso vai gerar na população? Na geração de emprego e renda? O transtorno para os fornecedores, a dificuldade de acesso para os nossos produtores, a interrupção de cadeias produtivas por todo o Brasil. O governo está feliz porque vai desgastar a oposição?”, questionou.

O tom de Marinho, no entanto, contrasta com o de outros parlamentares bolsonaristas. Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por exemplo, elogiou publicamente a medida adotada por Trump, afirmando que ela foi “clara, direta e inequívoca”. Já Jair Bolsonaro, sem fazer referência direta à medida, preferiu atacar o presidente Lula (PT) nas redes sociais com uma citação bíblica: “quando os justos governam, o povo se alegra. Mas quando os perversos estão no poder, o povo geme – Provérbios 29:2”.

Para blindar Bolsonaro e sua família, o deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), primeiro vice-presidente da Câmara, também criticou a sobretaxa, mas responsabilizou o governo brasileiro. “A gente sabe que o dólar subiu e deve subir mais ainda, a bolsa despencou, isso causa inflação, a inflação vai voltar e quem paga essa conta é o povo brasileiro. Se o presidente Lula realmente pensa no povo brasileiro, ele deve procurar conversar e não o enfrentamento com a maior potência do mundo”, afirmou.

No Palácio do Planalto, o entendimento é de que a medida anunciada por Trump está diretamente ligada a Bolsonaro, seu filho Eduardo e até ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que já demonstrou apoio ao presidente norte-americano. 

Sanções, julgamentos e interferência

Donald Trump justificou a sobretaxa alegando ataques do Brasil aos “direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos” e às “eleições livres”, numa referência indireta ao embate entre o Judiciário brasileiro e as big techs. Em uma carta publicada em suas redes sociais, Trump foi direto ao mencionar Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado: “esse julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caçada às bruxas que deve acabar imediatamente!”, escreveu.

Trump também ameaçou ampliar ainda mais a taxação caso o Brasil opte por retaliar: o percentual da resposta seria somado à tarifa já imposta, o que poderia agravar a crise comercial entre os dois países. Embora o Brasil importe mais dos EUA do que exporta desde 2009, Trump argumenta que há “relação comercial injusta” com o país sul-americano.

Diplomatas brasileiros avaliaram a decisão como uma grave interferência nos assuntos internos do Brasil. Nos bastidores, a medida é interpretada como uma jogada para favorecer a extrema-direita brasileira e influenciar as eleições presidenciais de 2026.

Bolsonarismo se divide e tenta conter danos

 Segundo Bela Megale, do jornal O Globo [2], aliados da família Bolsonaro atuam para que os efeitos negativos da nova tarifa não acabem atingindo diretamente o ex-presidente e seu filho Eduardo. Desde fevereiro, Eduardo está nos Estados Unidos, onde atua em articulações com o governo Trump e defende sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

Apesar de parlamentares bolsonaristas exaltarem publicamente a medida de Trump, há inquietação nos bastidores. A avaliação é de que setores que compõem a base de apoio do ex-presidente, especialmente o agronegócio, serão duramente impactados. Por isso, o discurso interno busca dissociar a atuação de Eduardo Bolsonaro da taxação em si, alegando que ele atuava apenas contra Moraes e não teria influência sobre o aumento tarifário.

Foto reproduzida da Internet

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