‘Democracia em Vertigem’, documentário brasileiro de 2019 dirigido por Petra Costa, indicado ao Oscar de Melhor Documentário de Longa Metragem em 2020, define uma “tragédia épica de corrupção e traição no Brasil. O documentário retrata os bastidores do impeachment da primeira mulher presidente, Dilma Ruosseff, o julgamento do seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, a eleição do candidato de extrema-direita, Jair Messias Bolssonaro, e a crise política-econômica, e agora mais precisamente, sanitária do Brasil. O filme entrelaça o pessoal e o político para narrar um momento decisivo da história recente do Brasil, também considerado como “uma advertência a todas as democracias do mundo” .
Me reporto ao documentário de Petra Costa para dizer quão é a realidade da alteração no centro do equilíbrio (vertigem) da democracia brasileira, neste momento em que enfrentamos uma crise institucional entre os poderes Executivo e Judiciário com afrontas e desafios frequentes do Messias presidente e a sua trupe de seguidores que carregam consigo o ódio na alma já transformados visivelmente em transtornos psicóticos. Prova maior é que todos os domingos, como se fosse uma seita, essa trupe de apoiadores se planta na frente do Palácio do Planalto, com a presença do “Messias”, claro e obviamente, para decantar aos quatro cantos do Planalto a quebra da normalidade democrática com chavões pouco republicanos.
E quem é o maior culpado pela eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República, o presidente com o maior índice de rejeição entre todos pós o processo de redemocratização do país? Você que votou nele! E não tenho o menor constrangimento em afirmar isso às “vivandeiras” do poder que têm saudades da ditadura, muitos deles (as) que nem vivenciaram ou, sequer, leram algum livro que fala sobre o regime militar no Brasil. Quando o deputado Eduardo Bolsonaro, com seus arroubos invocou a possibilidade de edição de um “novo AI-5” para enfrentar opositores, não foi um exagero retórico. Ele externou o que pensa o grupo que ora está no poder, a começar pelo pai, o presidente Jair Bolsonaro, que passou toda a sua vida como político a lamentar o fim da ditadura. Também é de Eduardo Bolsonaro a fala de que para fechar o Supremo Tribunal Federal basta “um jipe, um soldado e um cabo”.
O Messias, por sua vez, tem como ídolo o torturador da ditadura militar Coronel Brilhante Ulstra – já falecido -, chegando a evocar seu nome na votação do impeachment da presidente Dilma. O Messias não faz por menos quando disse na fatídica reunião ministerial do dia 22 de abril que vai dar armas à população. A fala do presidente Jair Messias Bolsonaro sobre dar armas para a população foi rejeitada por 72% das pessoas entrevistadas em pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (31) pelo jornal Folha de S.Paulo. Menos mal.
Contudo, ainda neste domingo, em São Paulo, houve confrontos entre os grupos pró-Bolsonaro e os manifestantes antifascistas que foram à Paulista (foto) protestar em favor da democracia e contra o nazi-fascismo. Isso já é um reflexo dos discursos antidemocráticos e pouco republicano do Messias que não veio para salvar e sim dividir o Brasil.
Ditadura nunca mais!
Foto: Reprodução/TV Globo