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Destaque das revistas

IstoÉ

O confisco secreto da Caixa

Relatórios da Controladoria-Geral da União e do Banco Central mostram que a Caixa encerrou irregularmente mais de 525 mil contas poupança e usou o dinheiro para engordar seu lucro de 2012 em R$ 719 milhões

Uma auditoria realizada pela Controladoria-Geral da União (CGU), órgão vinculado à Presidência da República, aponta que, em 2012, a Caixa Econômica Federal promoveu uma espécie de confisco secreto de milhares de cadernetas de poupança. Em um minucioso relatório composto por 87 páginas, os auditores da CGU revelam os detalhes da operação definida como “sem respaldo legal”, que envolveu o encerramento de 525.527 contas sem movimentação por até três anos e com valores entre R$ 100 e R$ 5 mil.

Os documentos obtidos por IstoÉ mostram que o saldo dessas contas foi lançado, também de forma irregular, como lucro no balanço anual da Caixa, à revelia dos correntistas e do órgão regulador do sistema financeiro. No total, segundo o relatório da CGU, o “confisco” soma R$ 719 milhões. O documento foi remetido à Assessoria Especial de Controle Interno do Ministério da Fazenda e ao Banco Central e desde novembro auditores do BC se debruçam sobre a contabilidade da Caixa para apurar as responsabilidades.

IstoÉ também teve acesso a cinco pareceres do Banco Central que foram produzidos após as constatações feitas pela CGU. Em todos eles os técnicos concluem que a operação promovida em 2012 foi ilegal. No documento redigido em 4 de novembro do ano passado, o Departamento de Normas do BC (Denor) adverte que a operação examinada consiste em “potencial risco de imagem para todo o Sistema Financeiro Nacional”.

 

Época

As novas confissões de adolescentes

Trecho da reportagem de capa de ÉPOCA desta semana

Maria Mariana tinha 19 anos quando decidiu abrir seus diários e mostrar o mundo dos adolescentes como ele nunca fora visto. Era 1992, e o universo juvenil – pelo menos, o pedaço feminino – estava trancafiado em agendas escondidas no criado-mudo. Decoradas com figurinhas que vinham no chiclete, imagens de galãs recortadas de revistas e versos da banda Legião Urbana, as agendas guardavam relatos inconfessáveis. Revelavam a angústia de ser preterida pela melhor amiga e o sentimento – revoltante! – de ser incompreendida pelos pais. Eram verdadeiras confissões de adolescente, que Mariana ousou revelar numa peça com o mesmo nome, em montagem acanhada na Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro. Seu depoimento ressoou entre meninas e meninos, que se reconheceram naqueles dilemas e inquietações. “Os adolescentes se identificaram com um sentimento que eu achava que era só meu, de inadequação, e perceberam que poderiam ser eles mesmos”, diz Mariana, mais de duas décadas depois.

Aos 40 anos, Mariana hoje  é mãe de quatro filhos, preocupa-se com aquilo a que a filha de 6 anos assiste na televisão e se orgulha da maturidade da mais velha, de 13, que já tem namorado. Enquanto ela e os antigos adolescentes de sua geração descobrem como trilhar a vida adulta, novos dramas juvenis continuam a se desenrolar. Agora, em bate-papos do programa de celular WhatsApp, perfis do Facebook e contas do Twitter. Se esses dramas não são idênticos aos vividos pelo pessoal que hoje passou dos 30 anos, guardam estreita semelhança com a intensidade das emoções que só a adolescência é capaz de evocar. É para falar dessa nova geração, nascida num mundo conectado pela internet, que a versão cinematográfica de Confissões de adolescente chegou a 400 salas no fim de semana.

 

CartaCapital

Este é o país

por Mino Carta

Este é o país do futebol e da oligarquia ainda viva em muitos de seus recantos. Este é o país do batuque no morro e das atrocidades ocorridas nestes dias no Maranhão, feudo dos Sarney.

Este é o país do príncipe dos sociólogos, e também aquele que, conforme o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, o Pisa, entre 65 países pesquisados fica em 58º lugar em matemática, 55º em leitura e 59º em ciência, superado pela maioria dos países latino-americanos. Mas o ministro da Educação fala em “grande avanço”, embora tenhamos regredido em matemática e leitura e mantido a mesma classificação em ciência no confronto com a pesquisa de três anos atrás.

Este é o país onde até jornais que apoiaram o golpe de 1964 agora descobrem, tomados de espanto, que os Estados Unidos pretenderam e participaram ativamente da derrubada de Jango Goulart, e mais participariam se preciso fosse. Da mesma forma é o país onde nomes de ditadores e dos seus apaniguados e torturadores, e de quem os apoiou, adornam pontes, viadutos, galerias, avenidas.

Este é o país que anualmente registra mais de 50 mil homicídios, baixa esta próxima do número de mortos americanos ao longo de toda a Guerra do Vietnã. Este é o país que abriga na prisão um certo grupo criminoso chamado PCC, capaz de paralisar a quarta cidade mais populosa do mundo, capital do estado de São Paulo, a ostentar a sua condição de terceira economia latino-americana.

Este é o país onde ministros da Justiça presentes e futuros advogam para o banqueiro orelhudo do Opportunity, pluricondenado no exterior e no Brasil salvo sempre e sempre de qualquer enrascada, a contar com a poderosa e decisiva ajuda, no caso da Operação Satiagraha, do próprio presidente do STF, a corte suprema, à época Gilmar Mendes, habilitado a “chamar às falas” o presidente da República.

Nesta edição, CartaCapital volta a convocar na capa a singular figura de Daniel Dantas, não fosse este o país já estaria na cadeia. DD retorna à berlinda por causa de um livro de autoria de Rubens Valente editado pela Geração Editorial, Operação Banqueiro, incursão certeira por aventuras dantescas.

CartaCapital é certamente a publicação que mais espaço dedicou à personagem nos últimos 15 anos e mantém dele a documentação mais completa. O trabalho pioneiro coube a Bob Fernandes, então redator-chefe, mas sempre repórter. Bob teve um excelente continuador em Sergio Lirio, que o substituiu na chefia da redação e como repórter na cobertura das façanhas de DD.

Há outras citações indispensáveis, a começar por Rubens Glasberg e sua Teletime, na versão impressa e naquela online. Rubens foi o primeiro jornalista alvejado judicialmente pelo banqueiro, que já derrotou em cinco processos de sentença passada em julgado, enquanto o sexto ainda prossegue. Teletime contou também com o trabalho atilado de Samuel Possibon, diretor da sucursal da publicação em Brasília. E não esqueçamos entre os blogueiros o vigoroso, infatigável Paulo Henrique Amorim.

Este é o país de jornalistas, por mais raros, que sabem de suas responsabilidades e buscam a verdade factual. Claro que nem tudo é drama e tragédia. Pelo menos há quem se indigne e resista. Neste momento, receio, porém, que os eventos do Maranhão ganhem a dianteira para simbolizar o nosso atraso aterrador.

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