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É bom já ir se acostumando com o `Game of Thrones´ do governo ultradireita

Aos leitores-eleitores que votaram no ultradireitista capitão da reserva do Exército, Jair Bolsonaro (PSL), acostumado aos arroubos estapafúrdios da campanha eleitoral, melhor já ir se acostumando com o samba do crioulo doido e até do risco, diria, que poderá se transformar o seu governo. Provas o presidente eleito pelas fakes news tem dado nos últimos dias. Senão vejamos:

Primeiro, o ultradireitista anunciou a mudança da embaixada do Brasil de Israel para Jerusalém, o que causou um mal-estar na diplomacia internacional. Depois, mais recentemente, anunciou um diplomata praticamente desconhecido que criou há dois meses um blog reafirmando com linguajar pernóstico todas as idiossincrasias ultradireitistas de Bolsonaro – a ponto de ser chamado pelo jornalista Clóvis Rossi de um “cabo Daciolo com alguns livros a mais” – e conseguiu, apoiado por Olavo de Carvalho, dar um chapéu nos maiorais do Itamaraty, que agora prometem despejar um caminhão de melancias em cima dele. Falo de Ernesto Araújo, o chanceler contra o “marxismo cultural”. tudo isso no campo da diplomacia brasileira.

No que toca ao governo propriamente dito, temos inúmeros embaraços, tais quais o próprio superministro da economia, Paulo Guedes, que não sabe nem como se projeta o OGU (Orçamento Geral da União). Aliás, o “homem do Instituto Millenium” é investigado pelo MPF (Ministério Público Federal), por se associar a executivos para praticar fraudes em negócios com fundos de pensão de estatais. Em seis anos, ele captou R$ 1 bilhão em operações suspeitas. Um procedimento investigativo criminal ainda apura se o economista cometeu os crimes de gestão fraudulenta ou temerária.

O mesmo Paulo Guedes, homem forte do governo conservador, indicou para presidir o Banco Central, o economista Roberto Campos Neto. Campos Neto é diretor do Banco Santander, onde trabalha há quase 20 anos, e é neto do economista Roberto Campos, que foi ministro do Planejamento entre 1964 e 1967. Tudo a ver.

Outro indicado do superministro, desta vez para presidir o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), foi o ex-ministro da Fazenda durante o período de maior crise do governo Dilma Rousseff (PT), o economista Joaquim Levy. Na semana passada, em rápida declaração para jornalistas, Bolsonaro deu carta branca à indicação. “Ele [ Paulo Guedes] é que está bancando o nome de Joaquim Levy. Ele tem um passado com a Dilma, sim, teve dez meses. Tem um passado com o governo [Sérgio] Cabral, mas nada tem contra sua conduta profissional. Assim sendo, eu endosso Paulo Guedes”. Ah sei!

Mas os nomes sob suspeição do futuro governo de ultra-direita não ficam só aí: perdoado por Sérgio Moro, que será superministro da Justiça, o futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, pode ter recebido um caixa dois ainda maior do que admitiu em suas campanhas eleitorais. Planilha entregue por delatores da JBS indica a entrega de mais R$ 100 mil por fora ao deputado, além dos R$ 100 mil que ele já havia admitido.

Indicada para ser ministra da Agricultura no governo Bolsonaro, a deputada Tereza Cristina (DEM-MS) concedeu incentivos fiscais à empresa JBS na mesma época em que arrendou propriedade ao grupo. Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, a futura ministra ocupava a Secretaria estadual de Desenvolvimento Agrário e Produção de Mato Grosso do Sul ao mesmo tempo em que arrendava uma propriedade aos irmãos Joesley e Wesley Batista para criação de bois.

O deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), citado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro como cotado para comandar o Ministério da Saúde, é investigado por tráfico de influência e de fraude à Lei de Licitações. O caso tramitava no Supremo Tribunal Federal (STF). Mas foi transferido para a Justiça Federal no Mato Grosso do Sul em setembro.

A confirmar-se o que a Revista Crusoé noticiou na semana passada de que o presidente eleito, o ultra-direitista Jair Bolsonaro (PSL), pretende contemplar o “verdugo” da reforma trabalhista, deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN), que recebeu a desaprovação das urnas, com algum cargo em seu governo, e com o recuo de manter a pasta do Trabalho com o status de Ministério e, portanto, podendo o tucano ser contemplado como ministro, fica a pergunta: Será que Rogério Marinho vai pedir desculpas ao futuro ministro da justiça, juiz Sérgio Moro, para abrandar os inquéritos envolvendo o seu nome em corrupção, assim como fez o futuro ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni, envolvido em denúncias de caixa 2?

Sim, pra quem desconhece, Rogério Marinho responde a 7 inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal), dos quais, apenas um desceu, até o momento, para a primeira instância em Natal, lembrando que no próximo ano o tucano perde o foro privilegiado já que foi aposentado pelos eleitores nas urnas nas eleições deste ano.

Pra completar o `Game of Thrones´ do governo ultradireita, a “Síndrome de Comunismo” que domina o futuro governo com reflexos em seus eleitores, resultou na retirada dos médicos cubanos do Programa Mais Médicos. O país enviou profissionais para atuar no Brasil desde 2013, quando o governo da então presidente Dilma Rousseff criou o programa para atender regiões carentes do país sem cobertura médica. O Ministério da Saúde de Cuba atribui a decisão a “declarações ameaçadoras e depreciativas” do presidente eleito Jair Bolsonaro.

A atuação dos médicos cubanos no Brasil gera polêmica desde a criação do Mais Médicos. No entanto, o programa contrata profissionais de várias nacionalidades, e não apenas cubanos.

Detalhe: levantamento do governo divulgado em 2016 apontou que o programa é responsável por 48% das equipes de Atenção Básica em municípios com até 10 mil habitantes. Em 1.100 municípios atendido pelo programa, o Mais Médicos representava 100% da cobertura de Atenção Básica, de acordo com dados divulgados em 2016.

A conferir!

Em tempo: a título apenas de informação: Game of Thrones é uma série de televisão americana criada por Davi Benioff e D. B. Weiss. Situada nos continentes fictícios de Westeros e Essos, a série centra-se no Trono de Ferro dos  Sete Reinos e segue um enredo de alianças e conflitos entre as famílias nobres dinásticas, seja competindo para reivindicar o trono ou lutando pela independência do trono

 

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