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Editorial

manu-neto [1]O `cadáver´do Reis Magos não é o `símbolo do abandono´ 

Longe de ser um saudosista ou qualquer coisa que o valha, mas valorizar o patrimônio público é preciso e Natal parece esquecer isso. Primeiro foi o estádio João Machado (Machadão), construído no final da década de 1960 e início da década de 1970 que deu lugar a Arena das Dunas, estádio de primeiro mundo nos padrões Fifa que sediará jogos do Mundial de Futebol. Agora se fala na demolição do Hotel Reis Magos, primeiro hotel 5 estrelas da capital potiguar pós guerra – sim, porque o primeiro 5 estrelas foi o Grande Hotel, na Ribeira, construído na época da Segunda Grande Guerra, ainda de pé, mas que certamente nestes dias será objeto de discussão para também ser demolido.

Os argumentos usados pelo juiz Airton Pinheiro, negando liminar proposta pelo Ministério Público para tombar o prédio do antigo hotel construído ainda no governo Aluizio Alves, onde se hospedaram o Santos de Pelé, presidentes da República, cantores famosos e a saudosa Orquestra de Nelson Ferreira, que participou da inauguração do Reis Magos, não me convenceram. Sim, ia esquecendo Paulo Lira, um dos maiores pianistas que o Rio Grande do Norte já teve e que tocava no restaurante do Reis Magos.

Segundo o magistrado, “o cadáver estrutural do antigo Hotel Reis Magos, em verdade, apresenta-se como símbolo do abandono daquela região da cidade (…) Antes de ser um problema ambiental, enxergo naquela estrutura carcomida e fétida, um problema de saúde pública. Isso sim!”.

Com todo o respeito ao juiz Airton Pinheiro e usando a prerrogativa da liberdade de expressão, antes que algum aventureiro interprete diferente o meu pensamento, digo que o Hotel Reis Magos não pode e não deve ser considerado como “símbolo do abandono” daquela área da cidade do Natal, mais precisamente as praias dos Artistas e do Meio. Aliás, o nome Praia dos Artistas deve-se muito ao Reis Magos, pois que no seu auge, como frisei anteriormente, cantores famosos se hospedaram ali e frequentaram por alguns momentos aquele recanto que na verdade é uma extensão da praia do Meio.

O Reis Magos não pode ser o culpado pelo abandono da área, mas sim os gestores da cidade que não têm a coragem de retirar dali com medo de perder votos a famosa favela denominada de Brasília Teimosa. Me lembro que na última gestão da hoje vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria, como alcaidessa da capital potiguar ela revitalizou as praias dos Artistas e do Meio, padronizando barracas, fazendo ajardinamento e áreas de lazer como campos de futebol de areia. Com o passar do tempo voltou-se ao que era antes. E por que? Porque os frequentadores daquela área e até mesmo os barraqueiros que ganharam quiosques não trataram de preservar as benfeitorias que foram feitas.

Aliás, bom que se diga, que no final da primeira gestão do atual prefeito, Carlos Eduardo Alves, o mesmo grupo -Hotéis Pernambuco S.A – que agora pretende demolir o Hotel Reis Magos para dar lugar a um shopping center se comprometera de manter o mesmo projeto arquitetônico do hotel para preservar a memória do tio do alcaide, Aluizio Alves. Qual nada!

Fato é que Natal tem a orla urbana mais feia das capitais nordestinas e para se mudar isso não adianta só revitalizar a beira mar com calçadões, áreas de lazer, jardins, etc e tal. O problema não está aí. O problema está na falta de educação do povo. Quando a ponte Newton Navarro foi projetada falou-se muito na valorziação daquela área. Anos se passaram e nada mudou. Hoje até os empresários da noite fogem do local.

Uma primeira medida já foi tomada para se tentar valorizar aquela área: a retirada dos tanques da Petrobras. Mas agora falta coragem ao prefeito de plantão para retirar também a favela de Brasília Teimosa, que na verdade já virou bairro. Mas por que não desapropriar as casas com uma boa indenização as famílias que ali residem e que estão impedindo o progresso? Não sejamos hipócritas!

Em Recife, por exemplo, 992 famílias que moravam em palafitas na Favela do Pina, no final da praia de Boa Viagem, foram removidas. O que sobra de coragem lá falta aos políticos daqui.

Responsabilizar o cadáver do Hotel dos Reis Magos pelo abandono da orla urbana de Natal é um tanto quanto de exagero!

Foto reproduzida da internet

 

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