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Editorial

Uma cidade sem memória é uma cidade sem história

Alguém aí dos mais velhos será que ainda lembra do velho prédio onde funcionou o Cine Poty e a emissora de rádio de mesmo nome e o setentão Diário de Natal, já fechado e fadado até a perder de vista seus arquivos? Vez ou outra alguém posta uma foto do Cine Poty no Facebook. Uma daquelas pessoas saudosistas e que tem em casa um álbum de fotografia antigas.  Bom que a internet nos proporciona isso. Dentro em breve vamos ver fotos do estádio João Machado (Machadão) sendo postado nas redes sociais como recordação.

Sou dessas pessoas que entendo que uma cidade sem memória é uma cidade sem história e Natal, ao que parece, caminha pra isso. Por aqui não se consegue alinhar o passado ao progresso? Enquanto cidades como Recife, São Luiz, Salvador e Rio de Janeiro, e até porque não dizer São Paulo, fazem questão de preservar suas memórias, na capital do Rio Grande do Norte só se pensa em construir shoppings centers, não bastassem os quatro ou cinco que já temos. Não sou contra o progresso, mas também acho que a memória de uma cidade deve ser preservada.

Ainda ontem escrevi um Editorial contra a proposta de se demolir o Hotel Reis Magos, primeiro cinco estrelas de Natal. Muitos foram os comentários que recebi através do twitter. Uns contra outros a favor. Imagino que o debate em torno deste assunto seja salutar. O advogado e economista Jean-Paul Prates está propondo que se faça uma pesquisa para saber a opinião do natalense sobre o assunto, antes que se tome qualquer atitude de demolir o histórico prédio. Nada mais democrático.

Fato é que os argumentos usados pelo juiz Airton Pinheiro para derrubar a liminar do Ministério Público que propõe tombar o prédio, não tem nenhuma justificativa que possa convencer alguém que a demolição do Reis Magos se faz necessária porque ali virou um antro de marginais e prostitutas. Fosse assim os prédios históricos do centro de Natal todos, absolutamente todos, teriam que ser demolidos também. Se o magistrado quiser comprovar o que estou a dizer basta um passeio à noite pelo centro da capital potiguar. As ruas que circundam o centro histórico estão lotadas desse tipo de gente. Aliás, há pouco mais de um ano postei aqui um outro Editorial que falava sobre a cracolândia que havia sido criada na rua de Pedra ao lado do Solar Bela Vista. A denúncia partiu da colega Eliana Lima, que chegou até a publicar uma foto em seu blog reproduzida aqui. Clique aqui [1] para ver. Mas nem por isso a rua de pedra deixou de existir e nem tampouco se pensou em demolir o Solar Bela Vista. Ao contrário, o Solar Bela Vista que passou muitos anos esquecido, hoje é uma referência cultural na cidade.

Portanto, é falho esse argumento de que o prédio do Hotel Reis Magos só está servindo a ratos e a marginais e prostitutas. Se está assim é devido ao descaso do poder público nos últimos anos. Se havia um compromisso anterior da empresa que privatizou o Reis Magos em manter o hotel conservando a sua arquitetura em memória ao ex-governador Aluizio Alves que construiu o hotel em seu governo, por que não se cobrar isso?  Se o grupo que privatizou o Reis Magos é um grupo hoteleiro, nada mais natural que revitalize o empreendimento.

Outro argumento falho dos que defendem a demolição do Reis Magos é que o hotel naquele local daria prejuízo. E o que dizer de mais um shopping center numa área totalmente desvalorizada como é a praia do Meio? Não só acho que o hotel Reis Magos tem que ser revitalizado, mas como também a própria praia do Meio. E isso não sou eu que digo, são os próprios empresários, muitos deles que já até abandonaram o local. Este é o grande problema.

De resto digo apenas que resistir é preciso!

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