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Em discurso na ONU, Trump diz que teve `química excelente´ com Lula e afirma que os dois se reunirão na semana que vem

Está no g1

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump [1], disse nesta terça-feira (23), durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU [2], que se reunirá na semana que vem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva [3] para debater as retaliações que os EUA vêm aplicando ao Brasil em reação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Durante o discurso — no qual ele também exaltou seu próprio governo e criticou a ONU (leia mais abaixo) —, Trump disse que teve “uma química excelente” com o presidente brasileiro, “que pareceu um cara muito agradável”.

“Eu estava entrando (no plenário da ONU), e o líder do Brasil estava saindo. Eu o vi, ele me viu, e nos abraçamos. Na verdade, concordamos que nos encontraríamos na semana que vem”, disse Trump. “Não tivemos muito tempo para conversar, tipo uns 20 segundos.

E Trump seguiu com os elogios ao presidente brasileiro.

“Ele parece um cara muito legal, ele gosta de mim e eu gostei dele. E eu só faço negócio com gente de quem eu gosto. Quando não gosto deles, eu não faço. Quando eu não gosto, eu não gosto. Por 39 segundos, nós tivemos uma ótima química e isso é um bom sinal.”

Fontes do governo brasileiro confirmaram a reunião entre Trump e Lula na semana que vem, mas não disseram se a conversa ocorrerá ao vivo ou por telefone.

A fala contrasta com a tensa relação que Estados Unidos e Brasil vêm tendo desde julho, quando Trump anunciou tarifas de 50% a produtos brasileiros.

No discurso desta terça, o presidente dos EUA voltou a criticar indiretamente o processo e o Judiciário. Ele afirmou haver “censura, repressão, corrupção judicial e perseguição a críticos políticos” no Brasil.

“O Brasil agora enfrenta tarifas pesadas em resposta aos seus esforços sem precedentes para interferir nos direitos e liberdades dos nossos cidadãos americanos e de outros, com censura, repressão, armamento, corrupção judicial e perseguição de críticos políticos nos Estados Unidos”, disse Trump, antes de elogiar Lula.

Primeira conversa direta entre Trump e Lula

A reunião entre Trump e Lula será a primeira conversa direta entre os dois líderes desde o início da crise do tarifaço. Mas o presidente norte-americano já havia sinalizado estar disposto a se reunir com o brasileiro.

Em julho, após anunciar as tarifas, Trump disse que deveria conversar com Lula “em algum momento, mas não agora” [4]. Depois, no início de agosto, Trump disse que “Lula pode falar comigo quando quiser” [5], ao ser questionado sobre a crise com o Brasil.

Em julho, Trump enviou uma carta a Lula anunciando tarifas de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA. Na ocasião, ele justificou a medida, em parte, pelo que classificou de “caça às bruxas” contra Bolsonaro.

A medida entrou em vigor na primeira semana de agosto. Mas, na época, a Casa Branca anunciou que quase 700 itens seriam isentos, incluindo suco de laranja, combustíveis, veículos, aeronaves civis e determinados tipos de metais e madeira.

Discurso de Trump na ONU

A ONU recomenda que os líderes não passem de 15 minutos., mas Trump discursou por mais de uma hora e de improviso na Assembleia Geral.

Antes de mencionar o Brasil, ele exaltou seu governo, criticou a própria ONU e negou, novamente, o aquecimento global.

“Graças à minha gestão, os EUA estão na era de ouro. Somos o país mais ‘sexy’ do mundo”, iniciou o presidente norte-americano.

Falando pela primeira vez aos líderes de membros da ONU em seu novo mandato presidencial, o norte-americano disse ter melhorado índices de economia e levantou a bandeira de sua política anti-imigração, uma das principais marcas de seu governo até agora.

Na sequência, Trump disparou críticas à ONU, a quem culpou por “criar novos problemas” para o mundo.

“A ONU não só não resolve os problemas que deveria com muita frequência, como também cria novos problemas para nós resolvermos. O melhor exemplo é a principal questão política do nosso tempo: a crise da migração descontrolada”, disse Trump. “A ONU não está nem perto de todo seu potencial”.

Para justificar a crítica à ONU, usou o argumento que tem repetido em sua autocampanha para vencer o Prêmio Nobel da Paz: o de que “tive de encerrar, sozinho, sete guerras”, em referência a conflitos como entre Cambódia e Tailândia, Paquistão e Índia e Israel e Irã — pausado após um ataque dos EUA ao território iraniano.

“Muita gente diz que eu deveria ganhar o Nobel da Paz”.

Com um discurso que pareceu improvisado em alguns momentos — Trump alegou que o teleprompter do plenário não estava funcionando e que falaria “do coração” [6], o presidente dos EUA arrancou aplausos da plateia em apenas um momento: quando pediu um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

No entanto, ele criticou a onda de países que reconheceram o Estado da Palestina nos últimos dias, como os aliados Reino Unido e França.

“Tem gente reconhecendo o Estado Palestino, seria uma recompensa muito grande para o Hamas… Apenas libertem os reféns”.

Trump também disparou contra a Rússia e a China. Criticou a tentativa de Moscou de controlar o mercado de petróleo e gás natural e disse que se reunirá com líderes europeus ao longo da Assembleia Geral para negociar o boicote que propôs uns dias atrás.

Sobre a China, sugeriu que o país foi o responsável por criar o coronavírus. Também menosprezou as mudanças climáticas e disse que “as energias renováveis são uma piada”. As previsões sobre o aquecimento global “foram feitas por pessoas estúpidas”, afirmou ainda.

Foto reproduzida da Internet

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