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Durante a 2ª Reunião do Conselho de Campeões da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso contundente em defesa de mais investimentos para enfrentar a desigualdade e a insegurança alimentar. O encontro marcou a inauguração do Mecanismo de Apoio da Aliança, que passa a contar com sede, secretariado e direção.
Lula ressaltou que, em apenas um ano de funcionamento, a Aliança já reúne 200 membros — entre países, organizações internacionais, fundações, ONGs e instituições financeiras. Ele destacou a participação ativa da Espanha na liderança do fórum e a contribuição de países como Noruega, Portugal e Brasil, que asseguraram parte do financiamento necessário até 2030.
Projetos em andamento e foco na cooperação internacional
O presidente detalhou nove projetos-piloto já em fase de implementação. Entre eles, a criação de programas de assistência a mulheres e crianças na Palestina, onde a desnutrição tem sido usada como “arma de guerra”. Também citou iniciativas de transferência de renda no Haiti e na Zâmbia, acesso à água potável no Quênia, fortalecimento da agricultura familiar na Etiópia e expansão do sistema de merenda escolar no Benin.
“Não há melhor estímulo para a economia global do que o combate à fome e à pobreza”, afirmou Lula, ao pedir mudanças na atuação de bancos multilaterais e países doadores. Para ele, programas de ajuste fiscal não podem justificar cortes em investimentos sociais, sob risco de comprometer o futuro das próximas gerações.
O apelo por mais recursos e inclusão social
Lula alertou que, caso não haja ação imediata, quase 9% da população mundial seguirá em extrema pobreza até 2030. Ele criticou a queda de 23% na ajuda oficial ao desenvolvimento em comparação ao período pré-pandemia e pediu prioridade na alocação de recursos financeiros.
Em sua fala, reforçou a necessidade de os governos nacionais assumirem compromisso real com a população mais vulnerável: “É hora de colocar os pobres no orçamento. A inclusão social não pode ser apenas uma promessa — ela precisa estar refletida na arquitetura fiscal, nos investimentos públicos e nos planos de transformação produtiva”.
O Brasil como exemplo de políticas públicas
O presidente destacou avanços recentes no país, como a saída do Brasil do Mapa da Fome da FAO graças a políticas integradas de transferência de renda, fortalecimento da agricultura familiar, geração de empregos e valorização do salário mínimo. Ele também citou a aprovação, pela Câmara dos Deputados, da isenção do imposto de renda para quem ganha até cerca de mil dólares mensais, medida acompanhada de tributação progressiva para rendas mais altas.
Além disso, Lula anunciou o Plano Nacional de Cuidados, que tem como objetivo reduzir a sobrecarga do trabalho doméstico e não remunerado sobre as mulheres.
Perspectivas globais e próximos passos
O presidente agradeceu ao Catar por sediar o primeiro Encontro de Líderes da Aliança, marcado para 3 de novembro, e informou que o Brasil será representado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo ministro Wellington Dias. Ele também destacou que, na COP30, em Belém, pretende colocar a segurança alimentar no centro da agenda climática, com uma declaração conjunta sobre fome, pobreza e mudanças do clima.
Lula concluiu reforçando sua visão de futuro: um mundo em que nenhuma criança vá à escola com fome, nenhum trabalhador fique sem alimento e nenhum agricultor seja excluído do crédito e da assistência técnica. “Somente um novo modelo de desenvolvimento justo e sustentável poderá assegurar um futuro para as próximas gerações”, declarou.
Foto reproduzida da Internet