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Está no Blog Vi o mundo, de Luiz Carlos Azenha

Toddy, sexo ao vivo e Restart (você sabia que seu filho ou filha faz sexo em rede?)

Por Conceição Oliveira [1], no twitter: @maria_fro [2]

Sexta-feira, por volta das 23 h, subi aqui [3] no Blog da Mulher um texto que até o momento 321 pessoas, além de o lerem, compartilharam o link entre os seus seguidores da rede twitter, mais algumas dezenas compartilharam o mesmo link na rede do facebook e outras redes. Entre os mais de 70 comentários e dezenas de mensagens que recebi pelo twitter percebi o quanto homens e mulheres, muitos deles pais e educadores estão interessados em discutir o sexismo.

No domingo de madrugada qualquer usuário do twitter pôde saber muita coisa do adolescente de 16 anos que expôs, via twitcam (a tevê ao vivo do twitter ), a amiga de 14 anos para outros milhares de usuários daquela rede social.

Cerca de 25 mil espectadores (adultos e adolescentes) assistiram, ao vivo e a cores, uma adolescente que posteriormente disse ter 14 anos sentada no colo do amigo,  consentindo ser bolinada. Durante a transmissão na madrugada o vídeo foi gravado, algumas imagens dos momentos mais picantes foram ‘printadas’ (copiadas como arquivo de foto direto da tela do computador) e inundaram a rede quase que simultaneamente à transmissão.

No twitter, o adolescente mantinha o perfil ‘@damzinho’, associado a outros perfis como o formspring (conta de perguntas e respostas, também ligada ao twitter); o Orkut, o Youtube etc.

A primeira notícia sobre sexting [4] que acompanhei pelo twitter

Na madrugada, enquanto o adolescente gaúcho expunha a sua parceira de 14 anos diante da câmera, com o consentimento dela, mulheres e homens no twitter acusavam-no de ‘pedófilo’, espalharam a notícia de que a ‘vítima’ era uma criança e, ainda por cima, irmã do ‘agressor’.

Quando vi pipocar na minha timeline a denúncia estranhei. Sou mãe de adolescente, já li muito sobre pedofilia na rede e fora dela. Pela literatura que conheço,  de modo geral, pedófilo não tem este comportamento. Expor-se de maneira tão primária na rede, para milhares de pessoas, é correr o risco de perder o acesso à sua vítima.

Ao ler as primeiras mensagens me assustei, tal era o nível de alarde que as pessoas faziam. Foram atrás de delegado twitteiro que combate crime na web e que se opõe aos especialistas em internet contrários ao controle da rede. Os especialistas que defendem a liberdade da rede alertam que estabelecido o controle todos nós teríamos nossos dados de navegação expostos sendo ou não criminosos.  A promessa dos que defendem o controle da internet a pais e educadores distantes e assustados com as redes sociais é um sossego que não virá.[1] [5]

Quanto a mim, procurei entender o que se passava. Tentei em vão fazer algumas considerações a respeito do que imaginava estar ocorrendo. Em minutos, o indivíduo, cuja conta era @damzinho, já tinha se transformado em um ‘pedófilo’ e ainda por cima ‘incestuoso’.

Ele toma achocolatado, ela liga para o pai e Zero Hora acha que dá notícia

Na segunda-feira, no começo da tarde, retomei a discussão no twitter. Vi que o assunto continuava vivo e caminhando para uma linha criminalizadora e perseguidora que só irá distanciar os adultos deste tema e afastar a possibilidade de alcançar os adolescentes. No nível em que chegavam as mensagens  na minha timeline, não seria surpresa se ao ser reconhecido na rua por alguns dos twitteiros e twitteiras mais moralistas este adolescente sofresse agressão física.

O artigo 241 do ECA [6] proíbe a produção e veiculação de imagens de menores em cenas de sexo explícito. Se este caso for à Justiça, imagino que a idéia do que é sexo explícito vai se tornar um debate entre os advogados.

De todo modo, hoje, enquanto o Zero Hora [7] anunciava que a polícia ia investigar o adolescente, ele criou outra conta no twitter com acréscimo de uma letra e abriu novamente sua twitcam. Acompanhado da mesma menina exposta e que se expôs na madrugada, tomava um ‘toddy’ enquanto se explicava e se vangloriava do ocorrido. A garota respondia algumas perguntas da legião dos adolescentes que correram para a twitcam da nova conta do adolescente, transformado em ‘mito’ da noite para o dia. Na rede é assim, num clique se apaga uma conta e num outro se cria uma nova.

Na conversa da tarde de segunda-feira a garota disse que tem 14 anos, que perdeu a ‘virgindade’ aos 13 e que não foi com o adolescente que a bolinou em frente à câmera na madrugada. Questionada se tinha orgulho do que fez, respondeu que não, mas que tinha perdido no jogo e tinha de pagar.  Na madrugada, ambos jogaram Uno e quem perdesse teria de se submeter ao outro na twitcam. Uma questão em aberto: como uma adolescente de 14 anos está de madrugada no quarto de um amigo adolescente de 16 anos?

Num dado momento a garota diz que precisa ligar para o pai. O garoto avisa na twitcam que fará silêncio para ela fazer a ligação para o ‘velho’. A garota liga para o pai e senta-se novamente ao lado do garoto.

Enquanto isso, na tela, pululam dezenas de perguntas e comentários de outros adolescentes e casal de amigos, estrelas da twitcam, respondem com tranqüilidade.

Printei um momento menos constrangedor:

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