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O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, anunciou nesta sexta-feira (24) o envio do porta-aviões USS Gerald Ford para as águas da América do Sul, reforçando a presença militar estadunidense em uma das regiões mais sensíveis do continente. A embarcação é descrita pela Marinha dos EUA como “a plataforma de combate mais capaz, adaptável e letal do mundo”. As informações são do jornal O Globo [1].
O anúncio ocorre no mesmo dia em que Hegseth confirmou o décimo ataque contra uma embarcação suspeita de tráfico de drogas. A ação acontece um dia após Washington divulgar exercícios militares conjuntos com Trinidad e Tobago, a poucos quilômetros da costa venezuelana, ampliando a tensão sobre uma eventual ação militar para derrubar o governo de Nicolás Maduro.
Pentágono fala em segurança regional, mas críticas crescem
Segundo o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, “a presença reforçada das forças americanas na Área de Comando Sul do USSOUTHCOM aumentará a capacidade dos EUA de detectar, monitorar e interromper atividades ilícitas que ameacem a segurança e a prosperidade do Hemisfério Ocidental”.
Em publicação na rede social X, Hegseth confirmou um novo ataque contra uma embarcação suspeita de transportar drogas: “Durante a noite, sob a direção do presidente Trump, o Departamento de Guerra realizou um ataque cinético letal contra uma embarcação operada pela Tren de Aragua, uma organização terrorista designada que trafica narcóticos no Mar do Caribe”.
Trump ignora Congresso e amplia ofensiva militar
O anúncio ocorre um dia depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarar que pretende autorizar ações terrestres contra grupos ligados ao narcotráfico, mesmo sem aprovação do Congresso. Desde o início de seu segundo mandato, Trump tem classificado cartéis latino-americanos como organizações terroristas internacionais, abrindo margem legal para o uso da força em território estrangeiro.
Trump também não descartou a possibilidade ações em terra e instruiu a CIA (Central de InteligÊncia dos EUA) e o Pentágono a adotarem medidas mais agressivas contra o governo de Nicolás Maduro.
Pete Hegseth tem defendido que as ações no Pacífico e no Caribe são baseadas em “informações de inteligência”. Segundo ele, “se você é um narcoterrorista contrabandeando drogas em nosso hemisfério, nós o trataremos como tratamos a Al-Qaeda. Dia ou noite, mapearemos suas redes, rastrearemos seus homens, caçaremos você e o mataremos”.
Tensões crescem com Colômbia e Venezuela
A política agressiva dos Estados Unidos tem provocado fortes reações na América do Sul. No último fim de semana, Trump acusou o presidente colombiano, Gustavo Petro, de liderar um esquema de narcotráfico e ameaçou “encerrar campos de produção” no país. Em resposta, o governo colombiano exigiu que Washington interrompesse suas operações no Caribe e reforçasse o diálogo diplomático.
Na Venezuela, o governo de Nicolás Maduro mantém tropas em alerta desde agosto, diante do que chama de “cerco militar” dos EUA. Em um ato com sindicalistas, Maduro fez um apelo pela paz: “Peace, yes peace, forever, peace forever. No crazy war!”, declarou o presidente, em inglês, pedindo moderação.
Maduro cita apoio de Rússia e China
Apesar do tom pacifista, Maduro ressaltou que Caracas conta com aliados estratégicos. “Graças ao presidente [russo, Vladimir] Putin, graças à Rússia, graças à China e a muitos amigos no mundo, a Venezuela conta com equipamentos para garantir a paz”, afirmou, em referência ao arsenal antiaéreo russo disponível no país.
Enquanto isso, os Estados Unidos seguem expandindo sua presença militar. O contratorpedeiro USS Gravely deve chegar neste domingo (26) a Porto Espanha, capital de Trinidad e Tobago, onde permanecerá em exercícios até o fim do mês.
Com o envio do USS Gerald Ford e a intensificação das operações navais, cresce o temor de que a “guerra às drogas” de Donald Trump evolua para um confronto direto no hemisfério sul, o que poderia desestabilizar a região e provocar uma grave crise humanitária.
Foto: UOL Notícias