Está no g1
O presidente dos Estados Unidos [1], Donald Trump [2], confirmou nesta segunda-feira (29) que forças americanas atacaram uma instalação usada pelo narcotráfico na Venezuela [3]. A operação aconteceu na semana passada, sendo o primeiro ataque norte-americano contra o território venezuelano.
Ao ser questionado por jornalistas, Trump disse que houve “uma grande explosão na área do cais onde eles carregam os barcos com drogas”. Segundo ele, a área “não existe mais”. Ele não respondeu se os Estados Unidos pretendem realizar novos ataques contra o país.
Trump também se recusou a dizer se a operação foi conduzida pelas Forças Armadas ou pela Agência Central de Inteligência (CIA). Ele afirmou apenas que o ataque ocorreu ao longo da costa venezuelana, sem especificar o local.
O presidente norte-americano já havia mencionado a operação na sexta-feira (26), durante entrevista à rádio WABC, de Nova York, mas sem confirmar o local do ataque. Na ocasião, a declaração passou quase despercebida.
No domingo (28), o jornal The New York Times informou que integrantes do governo americano disseram que Trump se referia a uma instalação usada por narcotraficantes na Venezuela. A confirmação oficial só veio nesta segunda-feira, após perguntas da imprensa.
Na entrevista à WABC, Trump afirmou que os Estados Unidos haviam atingido “uma grande fábrica ou uma grande instalação de onde saem os barcos” e disse que o local havia sido “eliminado” dois dias antes.
Ele não deu detalhes sobre a operação nem mencionou diretamente a Venezuela naquele momento.
Até então, o governo Trump vinha divulgando apenas ações em mar aberto contra lanchas supostamente usadas por narcotraficantes, além da apreensão de petroleiros ligados ao regime venezuelano.
Este é o primeiro ataque confirmado em território venezuelano desde o início da campanha de pressão dos EUA contra o governo de Nicolás Maduro, que incluiu a movimentação de caças, navios de guerra e um porta-aviões no Caribe.
Até a última atualização desta reportagem, o Pentágono não havia se pronunciado sobre o ataque. O governo da Venezuela também não comentou a ação.
Maduro pressionado
Em novembro, a imprensa internacional informou que os Estados Unidos estavam prestes a iniciar uma nova fase de operações relacionadas à Venezuela.
À época, duas autoridades americanas disseram à Reuters que operações encobertas provavelmente seriam a primeira etapa das novas ações contra Maduro.
A pressão contra o regime venezuelano começou em agosto, quando os EUA elevaram para US$ 50 milhões [4] a recompensa por informações que levassem à prisão do presidente venezuelano. No mesmo mês, o governo americano enviou um forte aparato militar para o Mar do Caribe.
No início da operação, a Casa Branca afirmava que o reforço militar na região fazia parte de um esforço para combater o narcotráfico internacional. Com o tempo, autoridades passaram a dizer, sob anonimato, que o objetivo final da ação seria derrubar o governo de Maduro.
Trump e o presidente venezuelano chegaram a conversar por telefone em novembro. No entanto, segundo a imprensa americana, os contatos terminaram sem avanços, já que Maduro teria demonstrado resistência em deixar o poder.
Além disso, de acordo com o jornal The New York Times, os Estados Unidos têm interesse em assumir o controle das reservas de petróleo da Venezuela [5], consideradas as maiores do mundo.
Nas últimas semanas, militares americanos apreenderam navios petroleiros da Venezuela. Trump também determinou um bloqueio contra embarcações alvos de sanções e acusou Maduro de roubar os EUA.