por Oliveiros Marques, no Brasil 247
Assisti neste final de semana a um vídeo em que o deputado Lindbergh Farias (RJ), líder do PT na Câmara dos Deputados, falava em frente à embaixada dos Estados Unidos em Brasília. Ele chamava a atenção para a possibilidade de Jair Bolsonaro tentar fugir do país por meio de um pedido de asilo ao governo Trump. Eu diria que, mais do que uma hipótese, essa fuga – disfarçada de asilo político – é absolutamente provável.
Todos sabemos que os rompantes do inelegível escondem sua completa instabilidade emocional. E sejamos diretos: ele não tem “culhão” – para usar o seu próprio linguajar tosco – para encarar uma prisão. Por isso, o caminho da fuga para o colo do aliado Trump parece ser o que mais povoa os pensamentos daquele que em breve deve ser condenado como líder da organização criminosa que tentou atentar contra o Estado Democrático de Direito no Brasil.
Não faz muito tempo, chamei atenção aqui mesmo para uma entrevista em que Bolsonaro, questionado sobre a possibilidade de pedir asilo ao governo húngaro, respondeu: “Você já leu a legislação da Hungria? Não, né.” A frase soou como um recado: ele estaria estudando legislações e acordos de extradição entre o Brasil e outros países para identificar onde teria mais chances de escapar.
Hoje, no entanto, é evidente que o governo americano, sob o comando do imperador Trump, representa sua aposta mais segura. Por pelo menos quatro anos, Bolsonaro poderia viver nababescamente, sustentado pelas contribuições pouco explicadas que irrigaram suas contas. Isso, claro, se o próprio Trump não resolver acabar com o PIX antes. Vale lembrar que o clã Bolsonaro – ou melhor, a “familícia” – tem conexões no alto escalão norte-americano. Foram esses laços, aliás, que possibilitar a eles agirem como verdadeiros traidores da pátria, impondo o tarifaço que até hoje pune empresas e empregos brasileiros.
Diante desse quadro, o alerta de Lindbergh Farias faz todo sentido. Não agir preventivamente, impedindo que Bolsonaro percorra os meros dez minutos que o separam de sua casa até a Embaixada dos EUA, seria um duro golpe não apenas ao sistema judiciário, mas à própria democracia brasileira. As demonstrações de que essa turma despreza e achincalha a Justiça estão por toda parte: Eduardo Bolsonaro, Carla Zambelli e Marcos Do Val são exemplos gritantes disso.
Não sei se a solução seria converter a prisão domiciliar em preventiva. Talvez. Mas tenho certeza de que, além do monitoramento eletrônico, é indispensável reforçar a vigilância.
*Oliveiros Marques é sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas
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