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Globo sugere que só Tarcísio tem condições de garantir o indulto a Bolsonaro

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Uma coluna [1] publicada nesta segunda-feira (16) pela jornalista Malu Gaspar, no O Globo, aponta com clareza a operação em curso para que Jair Bolsonaro, afastado da corrida eleitoral de 2026, entregue seu capital político ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O conteúdo — que deve ser interpretado como parte da estratégia das elites para que Bolsonaro saia de cena e viabilize a candidatura de Tarcísio — sustenta que apenas o governador paulista teria condições institucionais e políticas de conceder ao ex-presidente um indulto, caso ele venha a ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por sua participação na tentativa de golpe de Estado.

De acordo com a coluna, Bolsonaro já admite, em conversas reservadas, a possibilidade de não disputar a Presidência em 2026. Em troca, exige um compromisso claro: quem quiser o seu apoio precisará assumir o compromisso de garantir o indulto presidencial, caso ele seja condenado. “Vai ter que ser alguém na Presidência que tenha o comprometimento, não sei de que forma, de que isso (o indulto) seja cumprido”, declarou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em entrevista à Folha de S. Paulo.

Entre os nomes cogitados no campo bolsonarista, Michelle Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro não seriam considerados viáveis para cumprir essa missão. A avaliação dentro do PL é de que ambos enfrentariam forte resistência do STF e do Congresso e não teriam a capacidade de sustentar politicamente a medida. “Seria impossível”, afirmou, em condição de anonimato, um dirigente do partido ouvido pela coluna.

Tarcísio, por outro lado, desponta como o nome ideal: não carrega o sobrenome Bolsonaro, tem trânsito institucional, é respeitado por setores do Judiciário e apresenta, segundo aliados, credenciais suficientes para negociar uma solução de “pacificação” que contemple o indulto. “Com o Tarcísio, a questão do indulto possivelmente estaria resolvida. Tarcísio é a única pessoa que tem credibilidade suficiente para que o Supremo acredite que um governo de direita não vá continuar com essa perseguição e, por outro lado, que consiga do Supremo que um eventual indulto presidencial seja respeitado”, disse à colunista um dos principais interlocutores jurídicos do bolsonarismo.

A coluna destaca ainda que Tarcísio lidera as pesquisas de intenção de voto entre os nomes da direita, empatando tecnicamente com o presidente Lula em um eventual segundo turno (41% contra 40%) e com índices de rejeição mais baixos do que Michelle (51%) e Eduardo Bolsonaro (56%), conforme aponta a última pesquisa Genial/Quaest.

Embora não tenha confirmado que será candidato à Presidência, Tarcísio já atua nos bastidores como articulador político, inclusive junto ao Judiciário. Um exemplo citado é sua participação, ao lado de Davi Alcolumbre e Rodrigo Pacheco, nas articulações para preservar o mandato do senador bolsonarista Jorge Seif (PL-SC) no Tribunal Superior Eleitoral. Outro gesto foi a nomeação de Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, aliado do ministro Alexandre de Moraes, para o comando do Ministério Público de São Paulo — movimento interpretado como aceno à magistratura e sinal de bom trânsito institucional.

A leitura política do conteúdo publicado pelo Globo revela o caminho que parte significativa das elites brasileiras deseja trilhar: a substituição de Bolsonaro por uma liderança de direita mais confiável e menos conflituosa com o sistema institucional. Ao oferecer a Tarcísio o papel de herdeiro do bolsonarismo “civilizado”, os articuladores dessa transição esperam preservar a agenda neoliberal sem o desgaste de mais uma crise institucional.

Foto reproduzida da Internet

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