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Governo decreta intervenção em fundo de pensão de funcionários dos Correios

Está no G1

A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) decretou intervenção no Instituto de Seguridade Social dos Correios e Telégrafos (Postalis), fundo de pensão dos funcionários dos Correios, pelo prazo de 180 dias.

De acordo com a Previc, “os motivos da intervenção são o descumprimento de normas relacionadas à contabilização de reservas técnicas e aplicação de recursos”. A Previc nomeou Walter de Carvalho Parente para exercer a função de interventor no Postalis.

A intervenção busca preservar os direitos dos participantes dos fundos de pensão, segundo a lei dos regimes de previdência complementar. Ela é decretada quando o governo identifica alguma irregularidade nas contas ou na gestão da entidade, e dura até que seja elaborado um plano de recuperação para resolver os problemas.

Há duas saídas para os planos nessa situação: a aprovação do plano de recuperação ou liquidação extrajudicial, caso fique constatado que o fundo não seja mais viável ou não tenha condições pra funcionamento.

Prejuízo

O instituto de previdência complementar dos Correios tem registrado prejuízos e estaria envolvido em denúncias de fraudes em investimentos em desacordo com a política interna do fundo.

Em abril, o Tribunal de Contas da União (TCU) identificou prejuízo de mais de R$ 1 bilhão [1] nos fundos de investimentos que integram o Postalis e determinou a indisponibilidade de bens por um ano dos ex-diretores e ex-membros do Comitê de Investimentos do instituto.

O prejuízo foi causado, segundo o tribunal, por investimentos fraudulentos, negligentes e em desacordo com a política interna de investimentos do fundo.

Na decisão, os ministros decidiram que os Correios não deveriam ser responsabilizados pelos prejuízos, mas determinaram que a estatal elaborasse, em 90 dias, um plano com ações para melhorasse a fiscalização do Postalis e o acompanhamento da gestão de investimentos do fundo.

G1 entrou em contato com os Correios para saber seu posicionamento sobre a intervenção no Postalis e aguarda resposta.

Em maio, o Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF) apresentou denúncia contra oito pessoas acusadas de fraudes no Postalis que teriam gerado um rombo de R$ 450 milhões. [2]

As irregularidades envolviam a venda de títulos superfaturados no mercado de capitais entre 2006 e 2011, usando duas corretoras. Os recursos eram desviados por meio de offshores.

Em junho, o então presidente do Postalis, André Motta, renunciou ao cargo, após negociar sua saída por três meses por motivos pessoais.

O executivo era diretor de investimentos da entidade e assumiu a presidência do fundo em julho de 2016. Ligado ao PMDB, Motta já dirigiu empresas estatais do Distrito Federal, como a Terracap e o Banco de Brasília. Desde então, o fundo é presidido interinamente por Christian Perillier Schneider (em exercício).

Em agosto, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), acolheu pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) e autorizou abertura de inquérito para investigar o suposto envolvimento do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) com um esquema de corrupção que agia no no Postalis [3]. O senador alegou na época que se tratava de “uma história requentada” e mais uma acusação “sem provas” do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

O Postalis pressiona ainda o BNY Mellon, um dos maiores bancos norte-americanos, a pagar para o fundo cerca de R$ 5 bilhões como ressarcimento por descumprimento contratual e de normas de mercado. O caso envolveria fraudes e aquisição de papéis de alto grau de risco. O banco é uma espécie de supervisor da carteira de títulos e valores mobiliários do fundo. O Postalis abriu ações no Brasil alegando que os investimentos foram desastrosos e levaram a entidade a prejuízos. O banco nega responsabilidade pelos prejuízos.

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