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Guerra comercial de Trump aproxima China e Brasil, que vira o 2º maior destino de investimentos do gigante asiático

Está no Brasil 247

O Brasil se consolidou como o segundo país que mais recebeu investimentos diretos da China no primeiro semestre de 2025, atrás apenas da Indonésia, segundo dados do China Global Investment Tracker, plataforma mantida pelo think tank norte-americano American Enterprise Institute (AEI), divulgados pelo jornal O Globo [1]. A movimentação reforça a estratégia chinesa de ampliar presença em mercados emergentes, enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensifica barreiras comerciais contra o Brasil.

O levantamento mostra que, de janeiro a junho, empresas chinesas investiram US$ 22 bilhões em diferentes países, sendo US$ 2,6 bilhões na Indonésia e US$ 2,2 bilhões no Brasil, alta de 5% em relação ao mesmo período de 2024. Desde 2005, o Brasil já figurava entre os principais destinos dos aportes chineses, sustentado por sua abundância em matérias-primas, carência em infraestrutura e grande mercado consumidor.

Expansão no agro e na mineração

Entre os projetos recentes, a Cofco, gigante chinesa do agronegócio, finaliza a construção de um terminal de granéis sólidos no Porto de Santos, após investir R$ 1,2 bilhão em material ferroviário e aportar mais R$ 1 bilhão em infraestrutura portuária.

Na mineração, empresas chinesas avançaram em aquisições estratégicas:

Esses aportes reforçam o interesse chinês em minerais estratégicos, fundamentais para a transição energética e a indústria de alta tecnologia.

Diversificação de setores

O Brasil também tem atraído investimentos em áreas além da infraestrutura e matérias-primas. No setor automotivo, a GWM inaugurou fábrica em Iracemápolis (SP), com plano de aplicar R$ 10 bilhões até 2032. A GAC começou a vender carros elétricos no país, enquanto a BYD, que já mantém unidade na Bahia, aposta pesado em publicidade, chegando até à novela Vale Tudo, da TV Globo.

Já a Geely abriu sua primeira concessionária no Brasil, além de adquirir 26% da subsidiária da Renault, em uma operação de US$ 720 milhões. No setor de serviços, a expansão passa por aplicativos de entrega, com destaque para a 99, controlada pela Didi, e a Keeta, da Meituan, que anunciou R$ 5,6 bilhões em investimentos.

Segundo Tulio Cariello, diretor do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), essa diversificação mostra uma mudança de perfil:

“Temos a questão das matérias-primas, que ainda é importante, mas o foco no mercado consumidor é muito evidente quando se fala do carro elétrico e, agora, nos investimentos em aplicativos de entrega”.

Impactos da guerra comercial e riscos para o Brasil

Para o economista Derek Scissors, autor do China Global Investment Tracker, o movimento chinês também é resultado das restrições impostas por países ricos desde o primeiro governo Trump:

“Os investidores chineses permanecem intensamente interessados nas commodities do Brasil. Minério de ferro, soja, petróleo. O Brasil é abençoado com o que a China precisa. Em troca, a China ajudará a construir infraestrutura de energia e outras”.

A China também avança no comércio com o Sul Global, cujas exportações ultrapassaram US$ 1,5 trilhão em 2024, superando em mais de 50% o valor destinado a EUA e Europa Ocidental, de acordo com relatório da Standard & Poor’s.

Foto reproduzida da Internet

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