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Heloísa Helena volta ao Congresso após 18 anos para a vaga de Glauber

Está no Congresso em Foco

A ex-senadora Heloísa Helena [1] (Rede-RJ) está de volta ao Congresso Nacional depois de 18 anos afastada do Parlamento. Ela assume por seis meses a vaga do deputado Glauber Braga [2] (Psol-RJ), suspenso pelo Plenário da Câmara por quebra de decoro [3]. A retomada do mandato recoloca em cena uma das figuras mais combativas da política brasileira — conhecida por enfrentar tanto o Centrão quanto seus próprios aliados, em embates que atravessaram o PT, o Psol e, agora, a Rede Sustentabilidade.

Nova integrante da bancada do Rio de Janeiro, Heloísa nasceu e construiu sua trajetória política em Alagoas, onde foi deputada estadual, vice-prefeita de Maceió e senadora. Foi no Senado, entre 1999 e 2007, que ganhou projeção nacional: primeiro como uma das principais lideranças da oposição ao governo Fernando Henrique Cardoso; depois como voz dissonante dentro do PT, partido do qual seria expulsa em 2003 após votar contra a reforma da Previdência enviada pelo governo Lula.

A expulsão levou à criação do Psol, do qual Heloísa se tornou fundadora, primeira presidente e uma das lideranças mais influentes nos anos 2000. Em 2006, disputou a Presidência da República e terminou em terceiro lugar, com 6,85% dos votos válidos — desempenho que marcou o auge de sua popularidade eleitoral.

Apesar da notoriedade, não conseguiu retornar ao Parlamento nas disputas seguintes. Em 2013, após novos conflitos internos, deixou o Psol e ingressou na Rede Sustentabilidade, criada por Marina Silva [4]. Mas também ali enfrentou divergências profundas, que eclodiram com força nas eleições internas deste ano.

Em abril, no 6º Congresso Nacional da Rede, a chapa Rede pela Base, ligada a Heloísa, venceu com 76% dos votos — a terceira derrota consecutiva da ala de Marina Silva. A divisão interna não é nova: Marina representa uma linha sustentabilista progressista, defensora da preservação ambiental em diálogo com o sistema político e econômico. Heloísa, por outro lado, lidera o ecossocialismo, que propõe ruptura com o modelo econômico vigente como condição para justiça ambiental e social.

Durante o congresso, militantes da chapa vencedora entoaram o coro: “A Rede que eu quero não votou no Aécio”, lembrando o apoio de Marina a Aécio Neves (PSDB) no segundo turno da disputa presidencial de 2014.

Além de crítica do PT, Heloísa mantém um histórico de desavenças com o ex-presidente da Câmara Arthur Lira  [5](PP-AL) — que também era o principal desafeto de Glauber. A ex-senadora já acusou o conterrâneo de usar o orçamento como instrumento de construção de poder político.

Glauber Braga, que ficará afastado por seis meses, afirmou estar tranquilo com a suplência. “Tenho confiança na trajetória e na militância da Heloísa”, declarou o deputado.

Nas redes sociais, já havia se manifestado em defesa do colega, chamando-o de “guerreiro” e publicando um vídeo com a mensagem “Glauber fica”. Com a chegada de Heloísa, a Rede terá quatro deputados: Lucas Abrahão [6] (AP), Ricardo Galvão [7] (SP) e Túlio Gadelha  [8](PE). O partido atua no Congresso em federação com o Psol.

Formada em Enfermagem e professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), aos 62 anos, ela mantém atuação forte em temas sociais, especialmente saúde pública, direitos das mulheres e justiça ambiental. Heloísa vem de cinco derrotas eleitorais desde 2014, período em que tentou sem sucesso se eleger senadora, deputada federal e vereadora no Rio de Janeiro.

Foto reproduzida da Internet

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