Está no Blog da Sandra Cohen
Oito meses depois do maior ataque terrorista perpetrado no país, os israelenses se questionam, com a mesma incredulidade do primeiro dia, como pôde isso acontecer a um governo que dispunha de um dos mais sofisticados sistemas de inteligência do mundo e barreiras tecnológicas até então consideradas intransponíveis.
Um documento revelado esta semana pela emissora pública Kan News mostrou que as Forças de Defesa de Israel [1] (IDF na sigla em inglês) tiveram conhecimento, pelo menos três semanas antes do massacre de 7 de outubro, do plano do Hamas para invadir o sul do país, atacar postos militares e kibutzim e sequestrar de 200 a 250 reféns.
A meta foi alcançada pelo grupo terrorista, que levou à força 251 homens, mulheres e crianças para Gaza.
Compilado pela divisão especializada na Faixa de Gaza da IDF, o relatório começou a circular em 19 de setembro entre altos funcionários dos serviços de inteligência.
Segundo a emissora de TV, foi ignorado e se concretizou tragicamente, semanas depois, com a morte de 1.200 pessoas, desencadeando a traumática guerra que Israel vem travando desde então contra o Hamas na Faixa de Gaza.
O documento, a que a emissora teve acesso, descrevia detalhadamente os exercícios realizados por unidades de elite do Hamas. Incluía ataques simulados a um posto do Exército na fronteira e instruções específicas para o tratamento de soldados e reféns.
Este é mais um dos sinais de alerta desprezados pelas forças de defesa de Israel sobre os planos do Hamas para atacar seu território. Todos convergem na mesma linha: treinamentos e atividades de militantes detectados por soldados na fronteira.
As soldadas Yael Rotenberg e Maya Desiatnik, que sobreviveram ao massacre, relataram, três semanas depois, terem informado a seus comandantes sobre os exercícios que observavam perto da fronteira e se intensificavam na frequência.
Ouviram deles que o relato não era importante e que não havia nada que pudesse ser feito a respeito.
O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu [2], protela as investigações sobre falhas que levaram ao massacre para depois da guerra que não tem data para terminar em Gaza.
De acordo com a emissora Kan, o Exército israelense começará a analisar as suas falhas no início de julho e até que ponto subestimaram a capacidade do Hamas de realizar o ataque.
Espera-se que cabeças rolem assim que a situação na frente de guerra se estabilizar. Até agora, a principal baixa é a do chefe da Diretoria de Inteligência Militar das Forças de Defesa de Israel, o general Aharon Haliva [3], que apresentou a sua demissão e assumiu, num relato dramático, a responsabilidade pelas falhas que levaram, no dia 7 de outubro, à invasão do território israelense.
“A Direção de Inteligência sob o meu comando não cumpriu a sua tarefa. Carrego aquele dia negro comigo desde então, todos os dias, todas as noites. Suportarei para sempre a terrível dor da guerra”, escreveu em sua carta de demissão.
Foto reproduzida da Internet