A Justiça de Jersey abriu caminho legal para a conclusão do julgamento do caso do ex-prefeito e deputado Paulo Maluf (PP) já na próxima semana. Uma eventual condenação do político pode acarretar na repatriação do dinheiro supostamente desviado por ele de obras públicas durante sua administração na cidade de São Paulo, entre 1993 e 1996. A corte do paraíso fiscal do Canal da Mancha rejeitou todos os recursos e apelos dos advogados de defesa de Maluf e vai começar a julgar o mérito da ação movida pela Prefeitura a fimde reaver US$ 22 milhões.
A Justiça de Jersey já havia bloqueado dinheiro em contas que seriam do ex-prefeito e de empresas ligadas a ele. Agora, decidirá se o valor será devolvido aos cofres do Tesouro paulistano. Num documento de 90 páginas,a corte afastou todas as ameaças de novo adiamento da decisão. Rejeitou recursos procedimentais apresentados pela defesae indicou que, no dia 20, poderá anunciar uma decisão. Durante anos, os advogados de Maluf utilizaram vários instrumentos legais a fim de frear o processo, tanto na Suíça quanto em Jersey. Na Suíça, uma decisão de 2003 do Tribunal Superior rejeitou o pedido da defesa de que os documentos sobre as movimentações bancárias envolvendo o ex-prefeito e seus familiares fossem divulgados e transmitidos ao Brasil. Mas a ação conseguiu atrasar o processo. Em 2005, a defesa explorou o fato de os extratos de Maluf terem sido usados para processá-lo no Brasil por evasão fiscal – e, assim, conseguiu mais uma vez bloquear o processo. (O Estado de S. Paulo)