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A iminente aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso abriu uma intensa disputa em Brasília pela próxima vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo reportagem do Valor Econômico [1], publicada em 9 de outubro de 2025, o favorito para a sucessão é o atual advogado-geral da União, Jorge Messias, de 45 anos, que conta com forte apoio do Palácio do Planalto e proximidade pessoal com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A escolha, que cabe exclusivamente a Lula, opõe Messias ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de 48 anos. Enquanto o primeiro tem o respaldo do Executivo, o segundo é apoiado por setores do Congresso e por ministros do próprio Supremo. A equação política, entretanto, favorece Messias, que mantém relação de confiança com o presidente desde os tempos do governo Dilma Rousseff, quando chefiou a Subchefia de Assuntos Jurídicos (SAJ) da Presidência da República.
Messias ficou conhecido nacionalmente após ser citado por Dilma em uma conversa telefônica interceptada ilegalmente pela operação Lava Jato, na qual a então presidente o incumbia de levar a Lula o termo de posse na Casa Civil, em meio à tentativa do então juiz Sergio Moro de prendê-lo. A manobra acabou frustrada por uma decisão do ministro Gilmar Mendes, que hoje apoia o nome de Pacheco — ironicamente, o principal adversário de Messias nessa nova disputa pela vaga deixada por Barroso.
Interlocutores de Messias destacam que, além da confiança pessoal, sua nomeação representaria o reconhecimento de um aliado que acompanhou Lula em momentos críticos e manteve postura institucional durante os anos de perseguição judicial. “Por que Lula deixaria de indicar seu advogado para escolher o advogado do Senado?”, questionam pessoas próximas ao governo.
Por outro lado, aliados de Pacheco enfatizam o peso político do senador Davi Alcolumbre (União-AP), que apoia abertamente o nome do presidente do Senado e tem sido uma figura-chave para a governabilidade do Executivo. Argumentam que, após uma série de vitórias em votações estratégicas, seria natural que o governo retribuísse a lealdade do grupo de Alcolumbre.
Contra Messias pesa o fato de que Lula já indicou anteriormente um advogado-geral da União ao Supremo — Dias Toffoli, nomeado em 2009 — e de que o atual presidente gostaria de ver Pacheco disputando o governo de Minas Gerais em 2026. Ainda assim, a tendência é que o presidente opte por um nome de sua máxima confiança para um tribunal onde já consolidou forte influência: com a próxima indicação, Lula terá cinco dos 11 ministros do STF.
Além de Toffoli, o presidente indicou Cármen Lúcia (2006), Cristiano Zanin (2023) e Flávio Dino (2024). Outros integrantes da Corte foram escolhidos por Dilma Rousseff — Luiz Fux, Edson Fachin e o próprio Barroso —, Michel Temer (Alexandre de Moraes), Jair Bolsonaro (Kassio Nunes e André Mendonça) e Fernando Henrique Cardoso (Gilmar Mendes).
Embora Barroso já houvesse sinalizado em entrevistas e palestras que sua aposentadoria se aproximava, a decisão de deixar o cargo antes do final do ano surpreendeu observadores. O movimento, contudo, não deve pressionar Lula a uma escolha precipitada. No atual contexto de tensões entre o Planalto e o Congresso, o presidente tende a privilegiar a confiança política e o alinhamento institucional — fatores que colocam Jorge Messias um passo à frente na corrida pela vaga no Supremo.
Foto reproduzida da Internet