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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou oficialmente, em Belém (PA), o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), uma iniciativa inédita voltada à preservação e à valorização econômica das florestas tropicais. O projeto busca colocar o Sul Global no centro da agenda ambiental internacional, com um modelo de financiamento sustentável e governança compartilhada.
Durante o evento, Lula afirmou que o novo fundo representa “um passo histórico” na defesa do meio ambiente e no reconhecimento do valor econômico das florestas. A informação foi divulgada pelo Portal do Planalto, que destacou o discurso do presidente em que ele propôs uma nova forma de medir riqueza. “As florestas valem mais em pé do que derrubadas. Elas deveriam integrar o PIB dos nossos países”, declarou.
Fundo rompe com modelo de doações e cria capital misto
O TFFF nasce com uma estrutura inovadora: não depende de doações internacionais, mas de investimentos soberanos de países desenvolvidos e em desenvolvimento. Esses recursos formarão um fundo de capital misto, aplicado em ações e títulos, cujos lucros serão repartidos entre os países de florestas tropicais e os investidores.
Segundo Lula, os recursos irão diretamente aos governos nacionais, que poderão criar programas soberanos de longo prazo. Um quinto do total será destinado a povos indígenas, seringueiros, extrativistas e comunidades locais, reconhecendo o papel fundamental dessas populações na preservação ambiental. “Cuidar dos povos da floresta é cuidar das próprias florestas”, enfatizou o presidente.
Governança e metas ambientais
O fundo prevê governança igualitária entre países investidores e nações detentoras de florestas tropicais, com acompanhamento de especialistas e da sociedade civil. O monitoramento por satélite será anual, com foco em manter o desmatamento abaixo de 0,5% e incluir áreas reflorestadas no cálculo dos resultados.
Lula anunciou ainda que o Brasil será o primeiro país a investir no TFFF, com aporte inicial de US$ 1 bilhão. O Banco Mundial hospedará o mecanismo financeiro e o Secretariado Interino do fundo, e há expectativa de participação futura do Novo Banco de Desenvolvimento (dos BRICS) e do Banco Africano de Desenvolvimento.
Citação a Chico Mendes e legado amazônico
O presidente encerrou o discurso evocando a memória do líder seringueiro e ambientalista Chico Mendes, símbolo da resistência amazônica. “No começo pensei que estava lutando para salvar as seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade”, citou Lula, sob aplausos.
O Fundo de Florestas Tropicais para Sempre foi apresentado como um dos principais resultados concretos rumo à COP30, que também ocorrerá em Belém. “É simbólico que este nascimento aconteça aqui, cercado por sumaúmas, açaizeiros e jacarandás. É no coração da Amazônia que damos este passo juntos”, concluiu o presidente.
Foto: Carta Capital