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Lula fala em catástrofe humanitária, e Milei defende pressão de Trump sobre Venezuela

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O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva [1] (PT [2]), e o da Argentina, Javier Milei [3], divergiram sobre a pressão política e econômica exercida pelos Estados Unidos contra a Venezuela [4] durante a cúpula do Mercosul, realizada neste sábado (20), em Foz do Iguaçu (PR) [5].

De um lado, Lula afirmou que a América do Sul voltou a ser “assombrada” pela presença militar de uma potência que não pertence à região. Para ele, uma intervenção armada dos EUA na Venezuela seria uma “catástrofe humanitária” e representaria um “precedente perigoso para o mundo”.

“Passadas mais de quatro décadas desde a Guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extrarregional”, afirmou.

“Os limites do direito internacional estão sendo testados. Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo”, acrescentou Lula.

Milei, por outro lado, defendeu a atuação do governo de Donald Trump [6], afirmando que o cerco à gestão de Nicolás Maduro, na Venezuela, busca “libertar” a população do país.

“A Argentina saúda a pressão dos Estados Unidos e de Donald Trump para libertar o povo venezuelano. O tempo de ter uma aproximação tímida nesta matéria se esgotou”, disse Milei durante sua intervenção na cúpula realizada em Foz do Iguaçu.

O presidente argentino acrescentou que a Venezuela “continua padecendo de uma crise política, humanitária e social devastadora”. Ao endossar o discurso de Trump, ele chamou Maduro de “narcoterrorista”.

“A ditadura atroz e desumana do narcoterrorista Nicolás Maduro estende uma sombra escura sobre nossa região. Esse perigo e essa vergonha não podem continuar existindo no continente ou acabarão nos arrastando a todos”, continuou, ao declarar apoio ao envio militar dos EUA.

A ofensiva norte-americana

Trump tem afirmado que não descarta uma intervenção militar na Venezuela [7]. Nos últimos meses, Washington intensificou operações contra embarcações no Caribe e no Pacífico, reforçando o cerco ao país sul-americano.

Para justificar as ações militares e a pressão econômica, o governo americano alega combater o narcotráfico e rotas de drogas associadas a grupos criminosos ligados à Venezuela [8]. Além disso, descreve Maduro como líder de um regime corrupto e diz agir por questões de segurança regional.

Autoridades dos EUA aplicaram medidas diretamente a familiares de Maduro [9], ampliaram sanções e promoveram um bloqueio total a navios petroleiros ligados ao país sul-americano [10] — escalando a pressão política e econômica sobre Caracas. Também houve apreensão de embarcações [11].

A cúpula do Mercosul, realizada neste sábado, reuniu líderes de diferentes correntes ideológicas. Entre os presidentes presentes, a esquerda foi representada por Lula e por Yamandú Orsi, do Uruguai. No campo da direita, estiveram:

Além deles, representantes de outros países, incluindo ministros de Estado, participaram.

Lula busca conversa com Trump

Nesta semana, Lula declarou que pretende conversar com Trump [13], antes do Natal, para tentar evitar uma possível guerra na América Latina.

“Não queremos guerra no nosso continente. Todo dia tem uma ameaça no jornal e nós estamos preocupados. Agora, vai chegar o Natal e talvez eu tenha que conversar com Trump outra vez pra saber o que é possível o Brasil contribuir para um acordo diplomático e não para a guerra”, afirmou.

Na ocasião, o petista reiterou que pretende focar no diálogo.

“Eu tive a oportunidade de conversar com Maduro por quase 40 minutos, e depois com Trump. Falei para o Trump da preocupação do Brasil com a situação da Venezuela, que isso aqui é uma zona de paz, não é zona de guerra. Que as coisas não se resolvem dando tiro”, afirmou.

Em reunião ministerial, também nesta semana, Lula citou recentes conversas que teve com Trump.  [14]Afirmou que disse ao norte-americano que conversar “é mais barato do que fazer guerra”.

“Eu falei pro Trump: ‘Oh, Trump, fica mais barato conversar e menos sofrível conversar do que [fazer] guerra. Se a gente acreditar no poder do argumento, da palavra, a gente evita muita confusão na vida dos países'”, relatou Lula.

Foto: Portal Marcos Santos

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