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Uma comitiva de líderes europeus vai acompanhar o presidente da Ucrânia [1], Volodymyr Zelensky [2], na reunião com o presidente dos Estados Unidos [3], Donald Trump [4], na Casa Branca na segunda-feira (18).
Diversos líderes de alto escalão da Europa anunciaram neste domingo (17) que acompanharão Zelensky. Veja abaixo:
- Presidente da França, Emmanuel Macron [5];
- Primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer;
- Chanceler da Alemanha, Friedrich Merz;
- Chefe da União Europeia, Ursula von der Leyen;
- Secretário-geral da Otan [6], Mark Rutte [7];
- Primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni;
- Presidente da Finlândia, Alexander Stubb.
“Vamos apoiar a Ucrânia por uma paz justa e duradoura pelo tempo que for necessário”, afirmou von der Leyen. Já Starmer disse em comunicado que “a paz na Ucrânia não pode ser decidida sem Zelensky” e que “os europeus estão prontos para apoiá-lo nesta próxima fase” em busca de “garantias robustas de segurança” aos ucranianos.
A reunião de Trump com os europeus [8], anunciada inicialmente apenas com Zelensky, tem como objetivo tratar dos próximos passos para possivelmente colocar um fim na guerra da Ucrânia, e ocorre três dias após o encontro bilateral do presidente americano com Vladimir Putin [9], que terminou sem acordo de cessar-fogo na sexta-feira.
Os europeus e Zelensky buscam um acordo para finalizar a guerra da Ucrânia, que já dura três anos e meio e causada por invasão russa, que preserve a soberania nacional [10]e a integridade territorial ucranianas. Trump, no entanto, tende a direcionar as tratativas para que Zelensky ceda territórios exigidos por Putin para colocar um fim no conflito [11] —algo considerado inaceitável pelos europeus.
Trump não se manifestou sobre a ida dos líderes europeus à Casa Branca até a última atualização desta reportagem. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou neste domingo que “tanto Ucrânia quanto Rússia [12] terão que fazer concessões para conseguirem um acordo de paz”. Rubio disse também que garantias de segurança à Ucrânia serão discutidas na reunião de segunda-feira.
Com a comitiva, os europeus tentam buscar um lugar nas conversas de paz [13]. A decisão de acompanhar Zelensky também pode ter a ver com sua última ida à Casa Branca, em fevereiro, quando Trump e o ucraniano protagonizaram um bate-boca público. [14] Na ocasião, o presidente dos EUA acusou Zelensky de estar “jogando com a 3ª Guerra Mundial”, e a reunião se encerrou abruptamente.
Antes de rumarem a Washington D.C., os líderes europeus se reunirão com Zelensky neste domingo e tratarão da “coalizão dos dispostos”, iniciativa para prover maior apoio à Ucrânia que inclui tropas pacificadoras que seriam enviadas ao país após um cessar-fogo na guerra.
Também neste domingo, Putin falou ao telefone com o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, seu maior aliado, para o informar sobre os resultados da reunião com Trump.
O presidente dos EUA ligou para líderes da Otan e Zelensky tarde da noite na sexta-feira, logo após o encontro com Putin. Trump também tenta uma reunião trilateral com Putin e Zelensky, algo que o líder ucraniano disse apoiar e que “possibilitaria discutir diretamente questões-chave” do conflito. (Leia mais abaixo sobre o encontro Trump-Putin)
“Muitos pontos foram acordados. Restam apenas alguns poucos —alguns não são tão significativos. Um é provavelmente o mais significativo. Ainda não chegamos lá, mas fizemos algum progresso. Há boas chances de chegar lá. Putin quer parar de ver pessoas serem mortas”, disse Trump, sem entrar em detalhes.
Sem acordo entre Trump e Putin
A reunião entre Putin e Trump de sexta-feira (15), que durou três horas, começou às 16h30 no horário de Brasília, após os dois protagonizarem um cumprimento efusivo após chegarem ao Alasca. [15]
Em pronunciamento rápido, ambos trocaram elogios. Putin foi o primeiro a falar, agradeceu o convite de Trump e chamou a conversa de “construtiva”, mas apontou a necessidade de as preocupações da Rússia serem levadas em conta.
“A Ucrânia foi um dos principais tópicos. Vemos o desejo de Trump de entender a essência do conflito e estamos sinceramente interessados em acabar com ele, mas todas as causas fundamentais devem ser eliminadas, e todas as preocupações da Rússia devem ser levadas em conta. Concordo com Trump que a segurança da Ucrânia deve ser garantida. Espero que a compreensão mútua traga paz à Ucrânia”, declarou.
A guerra da Ucrânia começou em 2022.
O russo também afirmou que os dois países conversaram sobre parcerias comerciais: “A parceria de investimento entre Rússia e Estados Unidos tem enorme potencial. Esperamos que a Ucrânia e a Europa não tentem sabotar as negociações. Esperamos que os acordos de hoje sirvam de ponto de partida para a restauração das relações entre nossos países”.
Depois de Putin foi a vez de Trump se pronunciar. Ele afirmou que ainda não há um acordo de cessar-fogo para a guerra, mas que a reunião foi “muito produtiva” e que ele e o presidente russo concordaram “na maioria dos pontos”.
Essa foi a primeira cúpula entre os dois países desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, e o primeiro encontro a sós entre os dois líderes desde 2018.
Uma certeza que ambos os lados apontavam é que o debate pelas regiões ucranianas atualmente ocupadas por tropas russas seria o ponto central das negociações. Segundo o Instituto para o Estado da Guerra (ISW, na sigla em inglês), Moscou controla militarmente cerca de 20% de todo o território ucraniano [16]. E nenhum dos lados sinalizou querer abrir mão dessas regiões.
Foto reproduzida da Internet