Está no Brasil 247
A indicação de María Corina Machado ao Prêmio Nobel da Paz de 2025 por Marco Rubio, secretário de Estado do presidente Donald Trump, e outros congressistas republicanos, gerou fortes críticas e expôs as contradições de uma figura que, ao longo de sua trajetória política, defendeu sanções contra o próprio país e flertou com a ideia de um golpe de Estado na Venezuela. A informação foi divulgada pela CNN Brasil.
Na carta enviada ao Comitê Norueguês do Nobel, Rubio e outros parlamentares do Partido Republicano exaltaram María Corina como “um farol de esperança e resiliência” diante do governo de Nicolás Maduro. No entanto, o discurso idealizado contrasta com a atuação política da opositora, marcada por alianças com setores da extrema direita norte-americana e apoio explícito a medidas que agravaram a crise humanitária venezuelana.
Apoio às sanções e ao bloqueio econômico
María Corina foi uma das principais vozes a apoiar as sanções impostas por Washington à Venezuela, durante os governos de Donald Trump e de Barack Obama. Essas medidas, segundo organismos internacionais como a ONU e o Centro de Pesquisas Econômicas e Políticas (CEPR), tiveram impacto devastador sobre a população, restringindo o acesso a alimentos, medicamentos e bens essenciais.
Mesmo diante desse cenário, Machado defendeu publicamente as punições econômicas como “instrumentos de pressão legítimos” contra o chavismo, postura que é amplamente vista como cúmplice da deterioração social e econômica do país
Defesa de uma intervenção e do golpismo político
Além do apoio às sanções, María Corina foi protagonista em momentos de instabilidade institucional na Venezuela. Em 2014, durante os protestos violentos conhecidos como La Salida, ela defendeu a renúncia imediata de Maduro e chegou a pedir a intervenção internacional para “restaurar a democracia”.
Nos anos seguintes, participou de articulações políticas com Juan Guaidó, autoproclamado “presidente interino” em 2019 — uma manobra amplamente reconhecida como tentativa de golpe de Estado apoiada pelos Estados Unidos.
Essas posições, somadas à sua proximidade com líderes republicanos como Marco Rubio — um dos principais defensores da política de “mudança de regime” em Caracas —, lançam dúvidas sobre a coerência de sua imagem como defensora da paz.
O paradoxo do Nobel da Paz
A escolha de Machado para o Nobel ocorre em um contexto de disputa geopolítica em que o prêmio, tradicionalmente associado à promoção da paz e do diálogo, passa a ser usado como instrumento de validação política. Críticos observam que premiar uma figura que defende sanções e intervenção estrangeira na América Latina é, no mínimo, contraditório com os valores históricos do comitê norueguês.
Enquanto a oposição celebra a premiação como um “triunfo moral”, muitos analistas latino-americanos veem na decisão um ato de ingerência política e um sinal do alinhamento ideológico do Nobel com os interesses de Washington.
Foto reproduzida da Internet