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Marte e as quinhentas mil perdas de vidas

por Ricardo Lagreca

Pela tecnologia desenvolvida através dos Estados Unidos da América ao longo de toda a corrida espacial, era de se esperar o sucesso obtido na chegada do seu robô ao planeta vizinho. Mas, nunca do tamanho que vimos. Perfeito e fantástico! Algo semelhante ao do primeiro homem ao pisar à  Lua. 

Até aí, tudo bem. Contudo, e os 500.000 irmãos dos cientistas e financiadores desse mega projeto, que morreram do vírus sarcov-2 e que não é oriundo de Marte, é daqui mesmo, do nosso próprio planeta?  O que dizer disto? Ter-se-ia muito o que falar, portanto.

Sem penetrar no atraso das pesquisas, que até hoje continuam praticamente só com a estimulação do nosso sistema imunológico, como verdadeiramente uma grande arma contra os vírus, existe uma tremenda despreocupação pela integridade da saúde do povo americano. O seu sistema  é preparado para a medicina de alto custo. Não enfrenta a medicina social, das massas populacionais carentes. São milhões de americanos sem assistência à saúde, ou sem poder financiá-la. Ainda pior. Para agravar tudo isto, em um momento muito crítico para o manejo da saúde pública em todos os países, apareceu uma política de nação, egoísta,  desligada da proteção do seu povo. Ainda bem que foi modificada.

O resultado não podia ser outro. Está aí na cara do mundo. Uma grande e terrível amostra de que falta muito aos tempos modernos se alinharem as reais e principais necessidades do homem. É bem verdade, que alguns países, com políticas de estado mais seguras, pelos menos tentaram maiores cuidados, nesse período de tanta aflição. Entre nós, que infelizmente ocupamos o lugar mais próximo do primeiro, dos 500.000 mortos e apesar de termos um sistema de saúde universal, equânime e integral, um exemplo de programas de vacinação em massa, não pôde ser exercitado na sua plenitude. Agora, estamos todos, novamente , extremamente vulneráveis. 

Não basta, portanto, a perfeição de termos a tecnologia de explorar um outro planeta. É necessário sim, sabermos como viver no nosso, na nossa querida Terra.

*Ricardo Lagreca é cardiologista, professor da Faculdade de Medicina da UFRN, ex-diretor do HUOL e ex-secretário estadual de Saúde do RN


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